Havana qualifica expulsão de diplomatas cubanos dos EUA como "inaceitável" e "infundada"

por Lusa

Havana, 03 out (Lusa) -- Cuba qualificou hoje como "inaceitável" e "infundada" a decisão dos Estados Unidos de expulsar diplomatas cubanos, na sequência da retirada de pessoal da embaixada norte-americana em Havana em reação a supostos ataques que afetaram funcionários daquela representação diplomática.

"O Ministério das Relações Exteriores protesta energicamente e denuncia esta decisão infundada e inaceitável, bem como o pretexto utilizado para justificar a medida, ao afirmar que o Governo cubano não adotou todas as medidas adequadas para prevenir os ataques", afirmou o chefe da diplomacia cubana, Bruno Rodríguez, uma conferência de imprensa em Havana.

Os Estados Unidos anunciaram hoje a expulsão de 15 diplomatas cubanos destacados em Washington, justificando a medida "devido à incapacidade de Cuba de tomar medidas adequadas para proteger" os diplomatas norte-americanos.

Num comunicado, o Departamento de Estado norte-americano falou em "expulsão" dos diplomatas cubanos, mas sem declarar estes funcionários como `persona non grata`, designação que os podia impedir de regressar ao respetivo posto em Washington.

Segundo o chefe da diplomacia norte-americana, Rex Tillerson, esta medida foi tomada também para "assegurar a equidade" da presença diplomática dos dois países.

O Departamento de Estado norte-americano deu a Havana um prazo de sete dias para retirar os 15 diplomatas.

Os ataques que estão na origem desta decisão, que foram qualificados na semana passada pelo Departamento de Estado norte-americano "de natureza desconhecida", afetaram a saúde de 22 funcionários da embaixada dos Estados Unidos na capital cubana.

Problemas de ouvidos e perda de audição, tonturas, dores de cabeça, fadiga, dificuldades cognitivas e dificuldade em dormir foram alguns dos sintomas registados pelos funcionários entre finais de 2016 e agosto último.

Perante estes acontecimentos, que continuam sob investigação, os Estados Unidos anunciaram, a 29 de setembro, que iam retirar de Cuba mais de metade do pessoal da embaixada em Havana.

No mesmo dia, Washington também emitiu um aviso prévio aos cidadãos norte-americanos que quisessem viajar para Cuba, alertando para eventuais riscos invulgares.

Os funcionários norte-americanos deverão sair de Cuba até ao final desta semana, segundo indicou hoje uma fonte do Departamento de Estado.

Apesar de uma intensa investigação da polícia federal norte-americana (FBI), as causas e os responsáveis pelos ataques continuam um mistério, com alguns especialistas a especularem que algum tipo de arma sónica secreta ou um dispositivo de vigilância defeituoso poderiam estar relacionados com os acontecimentos.

Este episódio surge numa altura em que as relações bilaterais entre Washington e Havana, restabelecidas em julho de 2015 durante a administração de Barack Obama (democrata) após uma suspensão de mais de meio século, vivem um período de esfriamento perante as novas políticas assumidas pelo Presidente Donald Trump (republicano).

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