Homem detido em Hong Kong por suspeitas de sedição em caso ligado a incêndio
Um homem apareceu hoje em tribunal em Hong Kong por suspeitas de sedição, num caso ligado ao incêndio de Tai Po.
O Departamento de Segurança Nacional (NSD, na sigla em inglês) da polícia da região semiautónoma chinesa anunciou na segunda-feira à noite a detenção de um homem de 71 anos.
O NSD disse que o residente é suspeito de "publicar conscientemente materiais com intenção sediciosa", crime punido pela lei da segurança nacional, imposta por Pequim em 2020, que reprimiu a dissidência política em Hong Kong.
O crime de sedição é punido com uma pena máxima de sete anos de prisão, enquanto o apelo ao voto nulo ou ao boicote eleitoral pode acarretar uma pena de até três anos de prisão e uma multa de 200 mil dólares de Hong Kong (22.200 euros).
Num comunicado, o departamento acrescentou que o idoso foi também acusado de "obstruir investigações de crimes que põem em perigo a segurança nacional". Esta foi a primeira vez que esta acusação foi apresentada no território.
O NDS revelou que o homem foi detido no domingo, numa operação policial realizada em Sheng Shui, uma zona dos Novos Territórios, no norte de Hong Kong, situado a dez quilómetros de Tai Po.
O comunicado referiu que o residente também terá feito comentários sediciosos relacionados com o incêndio de 26 de novembro, que causou pelo menos 159 mortos no complexo de habitação social Wang Fuk Court, em Tai Po.
Também na segunda-feira à noite, o Governo de Hong Kong disse que a polícia contactou as famílias das pessoas desaparecidas para agendar a recolha de amostras de ADN, para a identificação dos restos mortais.
Dos 159 corpos encontrados nos sete edifícios atingidos pelo fogo, 19 ainda não foram identificados, sendo que 31 pessoas continuam desaparecidas.
Na semana passada, a superintendente-chefe da polícia de Hong Kong Karen Tsang Shuk-yin já tinha admitido que alguns desaparecidos podem ser ter sido reduzidos a cinzas, sem possibilidade de serem identificados.
No comunicado de segunda-feira à noite, as autoridades disseram que as buscas continuam na zona em redor dos edifícios e perto de um andaime que ruiu, mas que não foram encontrados mais restos mortais.
De acordo com um fonte não identificada, citada pelo jornal South China Morning Post, a polícia contactou cerca de 100 famílias e perto de uma dúzia já tinha disponibilizado amostras de ADN na segunda-feira.
Uma das pessoas que respondeu ao apelo, uma mulher de apelido Chan, disse ao jornal de Hong Kong que, de acordo com a polícia, os resultados das análises e comparação das amostras poderão demorar várias semanas.