A organização internacional Global Footprint Network anunciou, esta segunda-feira, que foi atingido o limite do uso sustentável de recursos naturais disponíveis para este ano. A partir de agora, a humanidade vai viver a crédito ambiental e consumir mais do que a natureza consegue produzir.
De acordo com os dados da organização internacional de sustentabilidade, Global Footprint Network - pioneira na Pegada Ecológica, esta segunda-feira, a humanidade esgotou o orçamento de recursos naturais para o resto do ano.
“Num mundo onde persiste uma enorme desigualdade em termos de distribuição de rendimentos e acesso a recursos naturais, estes dados são claros sobre a necessidade de se produzir e consumir de forma muito diferente”, lê-se num comunicado da ZERO.2,5 planetas para se viver como um português
“Se todos os países tivessem a mesma pegada ecológica que o país seriam necessários 2,5 planetas”, revelou ainda a ZERO.
Este ano, Portugal esgotou os recursos naturais disponíveis 21 dias mais cedo.
Por isso, embora não faça parte do quadro mais alarmante “é um contribuinte ativo para esta situação”, acrescentou a associação.
No entanto, o cenário agrava-se quando se pensa na forma como os Estados Unidos consomem o planeta. Para alimentar este país, atualmente são necessários cinco planetas Terra para equivaler apenas a um ano de consumo. Se a humanidade decidir viver em sintonia com a população russa, vão ser necessários 3,2 planetas para satisfazer esta vontade.
Este método de cálculo – com base nos dados cedidos pelas Nações Unidas – pode ser calculado através da "contabilidade exata do uso e capacidade regenerativa dos recursos ecológicos de mais de 200 países e regiões de 1951 até aos dias atuais".
Com estes números, a organização internacional Global Footprint Network determina, posteriormente, como deve evoluir a economia mundial para que esta consiga respeitar os limites ecológicos da Terra.Como salvar o planeta
"Viver dentro dos meios do nosso planeta é tecnologicamente possível, financeiramente benéfico e a nossa única chance de um futuro próspero", referiu, no ano passado, o CEO da Global Footprint Network, Mathis Wackernagel.
O cenário pode parecer negativo, mas nem tudo está perdido. Para o planeta ser salvo, vai ser necessário adiar o Dia de Sobrecarga da Terra, cinco dias por ano, até 2050.
Por outro lado, para reduzir a utilização do plástico parece não ser suficiente.
“A substituição de 50% do consumo de carne por comida vegetariana mudaria a data em 15 dias [dez dias para a redução das emissões de metano somente da pecuária]”, revelou a Global Footprint Network.
“Reduzir o componente de carbono da Pegada Ecológica Global em 50% mudaria a data 93 dias”, acrescentou a organização internacional.
As medidas para inverter esta tendência também podem implicar a adoção de “novas práticas” e uma reestruturação da alimentação a nível mundial: consumir menos peixe, derrubar menos árvores, reduzir consideravelmente a área de cultivo.
Uma dieta alimentar “saudável e sustentável”, através da “redução do consumo de proteína de origem animal e um aumento significativo do consumo hortícolas, frutas e leguminosas secas”, pode ser mais uma solução para ajudar a prosperar dentro dos limites do planeta.