Identificado buraco negro estelar mais denso da Via Láctea

por RTP
Impressão artística do sistema com o buraco negro estelar mais massivo da nossa galáxia ESO/L Calçada

O buraco negro tem uma massa 33 vezes superior à do Sol. O anúncio foi feito esta terça-feira pelo Observatório Europeu do Sul (OES). A descoberta tem a assinatura de uma equipa internacional de cientistas, onde estão incluídos investigadores portugueses.

O buraco negro - corpo denso de cuja gravidade nada escapa, nem mesmo a luz - foi detetado em dados da missão Gaia da Agência Espacial Europeia (ESA) através de um movimento de 'oscilação' estranho que impõe à estrela que o orbita, refere o OES em comunicado.

A massa do buraco negro BH3 foi calculada com base em informação registada pelo telescópio VLT do OES, no Chile, e outros telescópios em terra.

André Moitinho e Márcia Barros, investigadores e professores da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, assinam o trabalho, publicado na revista da especialidade Astronomy & Astrophysics.

Os buracos negros estelares formam-se a partir da explosão de uma grande estrela e os da Via Láctea são, em média, menos densos do que o BH3 - têm cerca de 10 vezes a massa do Sol.

O BH3 está a 2.000 anos-luz da Terra, na constelação da Águia, sendo "o segundo buraco negro mais próximo" da Terra, assinala o OES, organização astronómica da qual Portugal faz parte.

Os dados recolhidos pelo telescópio VLT revelam que a companheira da estrela que orbita o buraco negro é pobre em metais, o que sugere, de acordo com os autores do trabalho, que "a estrela que colapsou para formar o BH3 seria também pobre em metais, tal como previsto pela teoria".

A missão Gaia, da ESA, foi lançada em 2013 e tem no espaço uma sonda para mapear a Via Láctea, galáxia onde se situa o Sistema Solar, de que faz parte a Terra.


c/Lusa
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