LauncherOne da Virgin Orbit atinge com sucesso a órbita terreste

por Nuno Patrício - RTP
Foto: Virgin Orbit/DR

Foi lançado com sucesso o foguete LauncherOne da Virgin Orbit através de um Boeing 747 da Virgin Orbit. O avião modificado batizado de Cosmic Girl, descolou do aeroporto privado da companhia Mojave, na Califórnia, eram 13h38, com o foguete LauncherOne acoplado. O avião sobrevoou o Pacífico junto à costa do sul da Califórnia e lançou o foguete por volta das 14h39.

Este lançamento faz parte de um conjunto de testes por parte da Virgin e pretende ser mais uma empresa privada a fornecer serviço de colocação de carga na órbita terrestre. 
Desta vez o teste decorreu sem incidentes, tendo o foguete LauncherOne dado ignição ao motor de primeiro estágio NewtonThree por três minutos, seguido pela separação do estágio primário e ligado o motor NewtonFour instalado no segundo estágio do foguete, por quase seis minutos, atingindo a órbita baixa terrestre.

Após uma permanência inactiva que durou cerca de 46 minutos, o segundo estágio do foguete reacendeu o motor NewtonFour, desta vez para uma queima de cinco segundos, seguido da implantação da carga numa órbita de aproximadamente 500 quilómetros.



Estas manobras só foram reveladas pela Virgin Orbit mais de uma hora depois.

“Uma nova porta para o espaço acaba de se abrir”, disse Dan Hart, presidente da Virgin Orbit, num comunicado após o lançamento, elogiando o “foco” da empresa neste programa, apesar dos desafios técnicos e da pandemia em curso. “Esse esforço valeu a pena, agora comprovado com uma missão bem executada, e não poderíamos estar mais felizes.”

Também o fundador do Virgin Group, Richard Branson, refere no mesmo comunicado que “A Virgin Orbit alcançou algo que muitos consideravam impossível. Este voo magnífico é o culminar de muitos anos de trabalho árduo e também irá desencadear uma nova geração de inovadores no caminho para a órbita.”

Este lançamento é o início visível de um programa de desenvolvimento que data de julho de 2012, quando a Virgin Galactic anunciou a intenção de desenvolver um pequeno veículo de lançamento para complementar o seu veículo suborbital SpaceShipTwo.

O LauncherOne foi originalmente planeado para usar o mesmo modelo (WhiteKnightTwo) que transporta o Shuttle SpaceShipTwo, mas a empresa mais tarde decidiu adquirir um Boeing 747 para executar esta função.

Com esta opção a Virgin Galactic desdobrou-se e o projeto LauncherOne tornou-se independente, em 2017, com o nome Virgin Orbit.

Falha no primeiro teste LauncherOne
Este não é o primeiro lançamento deste novo modelo de carga espacial. O primeiro teste do LauncherOne decorreu no dia 25 maio de 2020, mas segundos após a ignição do motor NewtonThree, do primeiro estágio do foguete, este desligou-se, caindo pouco depois no solo. Uma investigação determinou que a ruptura se deveu a uma falha na linha de alimentação de oxigénio líquido.

Dan Hart refere que a empresa trouxe “alguns dos melhores especialistas da indústria”, incluindo ex-engenheiros-chefes dos veículos de lançamento Atlas e Delta, para uma investigação independente. A Administração Federal de Aviação, a NASA e a Força Aérea dos EUA estiveram a monitorizar a investigação, com o apoio da The Aerospace Corporation. 
Depois de identificar a causa, a Virgin Orbit realizou uma nova análise estrutural daquela parte do veículo e modificou os componentes para resolver o problema, seguido de vários testes de fogo estático.

Perante o problema, a empresa aproveitou e realizou também exames no NewtonFour, o motor do segundo estágio que não chegou a disparar na tentativa de lançamento anterior.

No briefing de pré-lançamento, a Virgin Orbit não divulgou planos para o próximo lançamento, mas Hart afirmou que a empresa está já a montar o próximo foguete LauncherOne e “a semanas de ficar pronto".

Já no comunicado do pós-teste do novo modelo, a empresa confirmou que no próximo lançamento o LauncherOne levará carga comercial, mas não divulgou um cronograma ou cliente para esse próximo lançamento.

“O mercado mudou um pouco, onde os movimentos do governo abrem novas oportunidades e estamos muito focados nisso”, disse.

Uma boa notícia para a Virgin no momento em que a NASA e agências espaciais de outras nações estão a desenvolver dezenas de constelações de pequenos satélites que a empresa de Richard Branson pode colocar em órbita.

“Estamos agora bem posicionados para acelerar o lançamento numa cadência constante”, remata Hart.
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