Mais de 400 mortos em sismo na fronteira entre Irão e Iraque

por RTP
As equipas de busca continuam à procura de sobreviventes entre os escombros Ako Rasheed - Reuters

É o sismo mais mortífero do ano e foi sentido em vários países, desde o Irão, Iraque, Turquia ou Israel. Só em território iraniano, junto à zona de epicentro, há registo de pelo menos 400 vítimas mortais e mais de sete mil feridos. As equipas de busca e salvamento continuam à procura de sobreviventes entre os destroços.

O sismo de 7.3 na escala de Richter foi sentido este domingo na fronteira entre o Iraque e o Irão, mas só esta segunda-feira foi possível visualizar a enorme proporção da tragédia. 



Segundo a televisão estatal iraniana IRNA, mais de 407 pessoas morreram e pelo menos 6.600 ficaram feridas só no Irão. 

A província de Kermanshah foi a mais atingida, com mais de 300 vítimas mortais registadas na região de Sarpol -e Zahab, que conta com cerca de 85 mil habitantes e fica a cerca de 15 quilómetros da fronteira com o Iraque. 



As autoridades admitem que o número de mortos poderá voltar a aumentar nas próximas horas, com a continuação dos trabalhos de busca nas zonas mais remotas do território iraniano.

As equipas de socorro continuam à procura de sobreviventes em escombros de edifícios e de habitações que ruiram, numa zona do país onde as casas são construídas sobretudo com recurso a tijolos. 

No Iraque, há registo de pelo menos seis vítimas mortais e 68 feridos na sequência do sismo. Várias casas desabaram e um hospital em Darbandikham, na fronteira com o Irão, ficou gravemente danificado.

Mas as consequências são bem mais palpáveis no país vizinho. Pelo menos 14 províncias iranianas ficaram afetadas, desde deslizamento de terras ou falta de eletricidade e de água.


Mais de 70 mil precisam de abrigo

O aiatola Ali Khamenei, líder supremo do Irão, ofereceu esta segunda-feira as condolências a todas as famílias afetadas e pediu a mobilização total da ajuda a feridos e desalojados. Na televisão estatal circulam apelos para que a população dê sangue nos hospitais.
 
Várias famílias queixam-se da falta de apoios e dizem que não podem passar outra noite a dormir ao relento. Na zona mais afetada do país registam-se nesta altura do ano temperaturas abaixo de 0ºC durante a noite. 

As autoridades iranianas reconhecem que o esforço de assistência está a ser lento. Mais de 70 mil pessoas necessitam de abrigo neste momento, segundo a Crescente Vermelho iraniana. 

A polícia nacional, os Guardas Revolucionários e a milícia paramilitar Basij estão a apoiar os trabalhos de resgate e de auxílio às populações afetadas. A Crescente Vermelho turca prepara-se para enviar ajuda para as zonas mais afetadas nas próximas horas, incluindo mais de três mil tendas e aquecedores e ainda dez mil camas e cobertores.

António Guterres reagiu à tragédia e disse estar "profundamente entristecido com a perda de vida e os danos causados", segundo um comunicado do porta-voz Stéphane Dujarric. O secretário-geral da ONU diz que a organização está "pronta para ajudar se for necessário".
 
Este foi um dos maiores sismos em território iraniano das últimas duas décadas. Em 2003, um sismo de magnitude de 6,6 na escala de Richter devastou a cidade histórica de Bam, na província de Kerman, a 1000 quilómetros de Teerão e fez mais de 31 mil vítimas mortais.
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