Mais de dois terços de 177 países têm negativa no Índice de Corrupção

Berlim, 03 dez (Lusa) - Mais de dois terços dos 177 países analisados no Índice de Corrupção Percecionada (ICP) deste ano têm uma nota negativa, anunciou hoje a organização Transparência Internacional.

Lusa /

"Mais de dois terços dos 177 países analisados no índice deste ano têm menos de 50 pontos, numa escala em que zero revela um país percecionado como altamente corrupto, e 100 um país percecionado como muito transparente", escrevem os autores da análise que junta indicadores de 13 relatórios, elaborados por organizações tão distintas como o Banco Mundial, a Economist Intelligence Unit, o Banco Africano para o Desenvolvimento ou a Fundação Bertelsmann.

O relatório deste ano, que tem na Dinamarca e na Nova Zelândia, com 91 pontos em 100 possíveis, os países percecionados como menos corruptos e, no outro lado da lista, o Afeganistão, a Coreia do Norte e a Somália, com apenas 8 pontos, "demonstra que todos os países ainda enfrentam a ameaça da corrupção em todos os níveis de governo, desde a emissão de licenças locais, até à aplicação de leis e regulamentos", disse a líder da Transparência Internacional, Huguette Labelle.

Mesmo os países mais `limpos` enfrentam desafios como "a captura do Estado, o financiamento de campanhas e a supervisão de contratos públicos", que continuam a ter "grandes riscos de corrupção", acrescenta a responsável na nota de imprensa que acompanha o índice, que não comenta os resultados dos países, apenas os organiza num `ranking` tendo em conta a sua pontuação.

O ICP é baseado na opinião de peritos na área da corrupção do setor público, lê-se nos documentos de suporte ao próprio índice, que explicam também que "o resultado de um país ou território indica o nível de corrupção percecionada numa escala de 0 a 100, em que 0 significa que o país é percecionado como altamente corrupto, e 100 que um país é muito limpo".

Por outro lado, "o ranking de um país indica a sua posição relativamente aos outros países ou territórios incluídos no índice, e pode mudar simplesmente porque o número de países incluído no índice muda".

Na edição deste ano, os países onde houve melhoramentos mais significativamente percionados foram o Brunei, Laos, Senegal, Nepal, Estónia, Grécia, Lesoto e Lituânia, equanto que os que mais pioraram foram a Síria, a âmbia, a Guiné Bissau, a Líbia, o Maili e Espanha, entre outros.

Espanha, aliás, teve uma significativa descida, piorando de 65 pontos para 59, o que lhe valeu uma descida no ranking, de 30º para 40º.

A China, por seu turno, piorou um ponto, de 39 para 40, mas manteve-se no mesmo lugar do ranking: 80º.

Entre os países lusófonos, só Angola conseguiu melhorar a sua pontuação, de 22 para 23 pontos numa escala de 0 a 100, avançando quatro posições no ranking: de 157º para 153º.

Apesar disso, continua a ser o terceiro país lusófono com maior corrupção percecionada, só atrás da Guiné Bissau (que piorou de 24 pontos para 19) e da Guiné Equatorial, que pretende a adesão formal à Comunidade de Países Lusófonos.

A lista da corrupção percecionada é completada por Moçambique e Timor-Leste, ambos com 30 pontos (sendo que Moçambique piora um ponto e Timor três pontos face ao ano passado), São Tomé e Príncipe e Brasil, os dois com 42 pontos, e Cabo Verde (58) e por Portugal (62 pontos, menos um que no ano passado), que tem a melhor classificação entre os lusófonos em termos de ranking: está no 33º lugar.

Tópicos
PUB