Mali. Junta militar dá 72 horas a porta-voz da missão da ONU para sair do país

por Lusa

A junta militar no Mali ordenou hoje a expulsão do porta-voz da Missão da ONU no Mali (Minusma), que acusa de divulgar "informação tendenciosa" sobre o caso dos 49 militares costa-marfinenses detidos há 10 dias em Bamaco.

A notificação acerca da expulsão, dirigida à vice-representante especial do secretário-geral da ONU, Daniela Kroslak, consta de um comunicado de imprensa oficial no qual se dá conta que "o senhor Olivier Salgado, porta-voz da Minusma, é convidado a deixar o território dentro de 72 horas".

Esta decisão surge num contexto de relações já tensas entre o Mali e os seus parceiros internacionais.

As autoridades malianas justificaram a decisão pela "publicação de informação tendenciosa e inaceitável do interessado (Senhor Olivier Salgado) na rede social Twitter".

Segundo Bamaco, Olivier Salgado declarou "sem qualquer prova, que as autoridades malianas teriam sido informadas previamente da chegada dos 49 militares costa-marfinenses em voo civil, no aeroporto internacional (de Bamaco) no domingo, 10 de julho de 2022", de acordo com o comunicado de imprensa do Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação Internacional do Mali.

A Costa do Marfim havia solicitado em 12 de julho a libertação "imediata" dos seus militares detidos "injustamente" e acusados ??pelas autoridades malianas de serem "mercenários" que pretendiam desestabilizar o país.

De acordo com Abidjan, a presença dos seus militares no âmbito das operações de apoio logístico na Minusma era "bem conhecida das autoridades malianas".

Ainda de acordo com Abidjan, esses militares deveriam substituir outros costa-marfinenses destacados no Mali como Elementos de Apoio Nacional (ENS, na sigla em inglês), um procedimento da ONU que permite que contingentes de missões de paz chamem prestadores de serviços fora da ONU para apoio logístico.

Esta era a oitava rotação de soldados para a missão da ONU no Mai, precisou a Costa do Marfim.

O Mali, um país sem litoral no coração do Sahel, foi palco de dois golpes militares em agosto de 2020 e maio de 2021 e recentemente adotou um cronograma de transição que deve permitir que os civis regressem ao poder em março de 2024.

Na sequência da adoção deste calendário, os países membros da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), da qual a Costa do Marfim é membro, levantaram as sanções económicas e financeiras que impuseram em janeiro ao Mali.

A crise política anda a par de uma grave crise de segurança em curso desde o início, em 2012, de insurgências separatistas e de sangrentas ações de fundamentalistas islâmicos.

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