Moçambique. Governo quer apostar na formação das tropas

por Lusa

O ministro da Defesa de Moçambique, Cristóvão Chume, disse hoje que a formação das tropas é prioridade para o ano de 2023, durante uma cerimónia, em Cabo Delgado, de lançamento do ano operativo.

"A formação das Forças Armadas de Defesa de Moçambique [FADM] deve ser um ato permanente e contínuo para responder ao carácter dinâmico das ameaças" e "deve constituir no presente ano a agenda principal das nossas unidades militares", referiu.

Cristóvão Chume falava em Namacande, sede distrital de Muidumbe, na província do norte do país que há cinco anos enfrenta uma insurgência armada.

Após o discurso, o governante dirigiu-se aos membros da Força Local, designação dada a ex-combatentes e outros civis que apoiam as tropas no terreno, em Cabo Delgado, e reiterou que estarão contemplados no plano de ação.

"O Governo aprovou a lei que diz que a força local vai depender do chefe do Estado-Maior General: treino, farda, arma vai ser com eles, comida e outra logística vai ser com as forças armadas também", disse, dirigindo-se aos elementos no local e recordando a lei aprovada em dezembro.

O ministro da Defesa de Moçambique dirigiu-se igualmente à população de Muidumbe e pediu para que denuncie casos de agressões, embriaguez ou outras situações de indisciplina por parte de membros das FADM.

"Eles têm obrigação de vos tratar bem. Se aparecer um militar que bebe, venham informar o comandante para o ir buscar. Se apanharem um militar que está a bater na população, venham informar. Havemos de prender e mandar embora", disse.

Dados da administração do distrito de Muidumbe indicam que cerca de 54.000 pessoas que viviam como deslocados em diferentes pontos já regressaram às suas aldeias e 17 escolas estão a lecionar. 

A província de Cabo Delgado enfrenta há cinco anos uma insurgência armada com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

A insurgência levou a uma resposta militar desde julho de 2021 com apoio do Ruanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projetos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a sul da região e na vizinha província de Nampula.

O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

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