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Moçambique. Transportes coletivos emboscados por grupo armado

por Lusa

Duas viaturas de caixa aberta de transporte coletivo de passageiros foram hoje atacadas numa emboscada por um grupo armado no norte de Moçambique, disseram à Lusa fontes locais.

As viaturas transportavam pessoas e bens de Palma para Mueda através de uma via em terra batida quando foram atacadas perto de Pundanhar, cerca de 40 quilómetros depois da vila de onde partiram, pela manhã, de acordo com os relatos de habitantes na zona da ocorrência.

A via, que segue para noroeste e junto à fronteira com a Tanzânia, tem sido a única ligação por terra ainda usada com relativa segurança para chegar a Palma, dado que grupos insurgentes tornaram arriscado transitar para sul, através da única via asfaltada de Cabo Delgado.

Segundo os mesmos relatos de hoje, os disparos do ataque às viaturas ouviram-se na povoação de Pundanhar e despertaram a atenção dos residentes, que estão a apurar se há baixas resultantes do ataque em que um veículo foi queimado.

Há sobreviventes a serem socorridos no centro de saúde de Nangade e o motorista permanece incontactável, acrescentam.

Fontes militares contactadas pela Lusa não conseguiram confirmar para já a ocorrência, remetendo mais informação para breve.

Palma é a sede de distrito que está lado a lado com o maior investimento privado em África: o megaprojeto de extração de gás natural liderado pela Total, em construção e com início de produção previsto para 2024.

Cabo Delgado está desde há três anos sob uma insurgência armada, classificada pelo Governo moçambicano e parceiros internacionais como terrorismo, cuja origem permanece em debate e que cresceu este ano, provocando uma crise humanitária com mais de 1.000 mortos e 300.000 deslocados internos.

Os ataques têm ocorrido fora da zona de implantação do projeto (zona de DUAT - Direito do Uso e Aproveitamento de Terra), mas alguns registam-se a escassas dezenas de quilómetros.

Os relatos de residentes de Pundanhar surgem depois de outros ao longo da semana sobre destruição de casas tradicionais, serviços públicos e bens noutros pontos da região.

Na quinta-feira, os residentes de uma aldeia chamada Maputo, junto à estrada asfaltada no posto administrativo de Olumbe - no limite entre Palma e Mocímboa da Praia (a sul) - fugiram após uma incursão dos insurgentes.

Na terça-feira, a população da ilha Vamizi também começou a fugir após invasão semelhante em que um residente foi morto pelos agressores.

Segundo referiram fontes locais à Lusa, um residente foi abatido depois de ter dito que reconhecia um dos insurgentes como sendo alguém de Nampula, capital provincial 500 quilómetros a sul onde têm surgido suspeitas de recrutamento para a insurreição.

De acordo com as mesmas fontes, os insurgentes chegaram a Vamizi durante a noite em pequenas embarcações à vela como se fossem pescadores, no dia seguinte rezaram numa mesquita e pedirem à população para deixar a ilha.

Acabaram por incendiar habitações e serviços, bem como algumas infraestruturas hoteleiras existentes na ilha.

Sem detalhes sobre os incidentes, fontes militares disseram hoje à Lusa que as ações em Cabo Delgado estão centradas na reconquista da vila costeira de Mocímboa da Praia, há um mês ocupada pelos insurgentes - sede de distrito com um aeroporto, um pequeno cais com parque de descargas e que já serviu de apoio logístico ao megaprojeto de gás.

As FDS recuperaram o controlam do estratégico entroncamento de Auasse, onde a única estrada asfaltada que atravessa Cabo Delgado de norte a sul se cruza com o caminho para Mueda, referiu uma das fontes.

LFO // HB

 

 

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