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Neuralink de Musk. Aprovado ensaio de implante cerebral em humanos com paralisia

por Carla Quirino - RTP
Ilustração/Dado Ruvic - Reuters

A Neuralink, do milionário Elon Musk, vai poder recrutar humanos com vista a iniciar testes do implante cerebral para casos médicos. A empresa revelou ter recebido na terça-feira aprovação de um conselho de revisão independente. As pessoas com lesões da medula espinhal cervical ou esclerose lateral amiotrófica podem qualificar-se para o estudo, que durará seis anos.

A Neuralink é uma startup que desenvolve chips. O dono é o multimilionário Elon Musk. A partir desta semana pode começar a recrutar humanos para o primeiro teste do implante cerebral. Este dispositivo é um interface cérebro-computador dirigido para pacientes com paralisia.

Desconhece-se, por ora, o número de participantes que poderão ser inscritos no ensaio clinico, mas já foram reveladas as características dos candidatos: doentes com paralisia devido a lesão da medula espinhal cervical ou esclerose lateral amiotrófica.

Foi explicado pela Neuralink, em comunicado, que o estudo usará um robô para colocar cirurgicamente o implante de interface cérebro-computador numa “região do cérebro que controla a intenção de movimento”.A empresa sublinhou que o “objetivo inicial é permitir que as pessoas controlem um cursor ou teclado de computador usando apenas os seus pensamentos”.

De acordo com a Reuters, a Neuralink esperava receber aprovação para implantar o dispositivo em dez pessoas.

Porém, estava a negociar um número menor com a Administração de Medicamentos e Alimentos (FDA, na sigla em inglês) dos Estados Unidos, depois de esta agência ter levantado preocupações de segurança, segundo relatos de funcionários.

Entretanto, não se sabe quantos pacientes a FDA terá aprovado ou quando e onde o ensaio será realizado.

De acordo com especialistas, caso o implante cerebral demonstre ser seguro para uso humano, levará mais de uma década para que a empresa obtenha autorização de venda.
Escrutínio federal
No ano passado, a FDA negou o pedido da empresa para acelerar os testes em humanos, mas em maio o regulador norte-americano acbou por dar a autorização para o primeiro ensaio clínico.

Na rede X, a empresa explicava, à data, que "o recrutamento ainda não está aberto para o nosso ensaio clínico. Anunciaremos mais informações sobre isso em breve".


Meses antes, a Neuralink esteve sob escrutínio federal pela forma como geria os ensaios em animais. Isto porque surgiram relatos de ex-funcionários sobre o sofrimento desnecessário causado às cobaias e caracterizaram mesmo as operações como “trabalhos de hack”. Alegaram que num caso o dispositivo foi implantado na posição errada em porcos, levando à eutanásia.

As informações desencadearam inquéritos conduzidos pelo Departamento de Agricultura. Neste escrutínio, foi abordado o abuso de animais e inquirido o Departamento de Transportes sobre o manuseio incorreto de materiais com risco biológico entre Estados.

A empresa terá, aparentemente, ultrapassado essas questões, uma vez que, entretanto, Musk já fez saber que quer ampliar as operações da Neuralink. Afirma que facilitaria inserções cirúrgicas rápidas dos seus dispositivos com chips para “tratar doenças como obesidade, autismo, depressão e esquizofrenia”.
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