Níveis de ácido úrico podem indicar risco de doença bipolar, revela estudo

por Lusa

Coimbra, 02 nov (Lusa) - Doentes deprimidos com elevados níveis de ácido úrico no sangue poderão estar em vias de desenvolver doença bipolar, de acordo com um estudo de vários médicos psiquiatras do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) divulgado hoje.

"Uma investigação portuguesa, publicada recentemente na prestigiada revista científica internacional `Bipolar Disorders`, mostrou que doentes internados por depressão com níveis altos de ácido úrico no sangue apresentam maior risco de progressão para uma outra doença psiquiátrica, a chamada `doença bipolar`", refere um comunicado do CHUC enviado à agência Lusa.

Pedro Oliveira, um dos autores citado na nota, salienta que "este achado inovador, apesar de necessitar de maior investigação, poderá revolucionar a abordagem e tratamento dos doentes deprimidos".

Segundo o especialista, esta descoberta permite "uma melhor resposta ao tratamento, a identificação de formas iniciais de doença bipolar e intervenção numa fase mais precoce para minimizar o impacto da doença na vida do doente".

Os autores do estudo (Pedro Oliveira, Vítor Santos, Manuel Coroa, Joana Ribeiro e Nuno Madeira), médicos psiquiatras do CHUC e investigadores no Instituto de Psicologia Médica da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, salientam que "não existia até agora nenhum exame acessível no dia-a-dia capaz de identificar indivíduos em risco de desenvolver doença bipolar".

A doença bipolar é caracterizada por episódios persistentes de tristeza, semelhantes ao que se verificam na depressão, mas também por fases de euforia e energia aumentada, "os chamados episódios maníacos".

"Esta doença é, na maioria dos casos, tratável com recurso a antidepressivos. No entanto, em certas formas de depressão, como em indivíduos com doença bipolar, o tratamento com antidepressivos é pouco eficaz e poderá agravar o prognóstico da doença", refere o comunicado.

O diagnóstico da doença bipolar é frequentemente tardio, "sendo frequente que, durante bastantes anos, os doentes sejam considerados como tendo apenas depressão".

De acordo com a Organização Mundial de Saúde, a depressão já é a principal causa de incapacidade no mundo e um em cada quatro portugueses sofrerá da doença ao longo da sua vida.

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