Nova variante detetada em Nova Iorque preocupa investigadores

por Andreia Martins - RTP
Reuters

Duas diferentes equipas de investigadores anunciaram esta semana a identificação de uma nova variante do novo coronavírus em Nova Iorque. A nova variante transporta mutações que ajudam a travar a resposta do sistema imunitário ou os efeitos dos tratamentos e surge dias depois da identificação de uma outra variante, na Califórnia.

A variante recebeu o nome de B.1.526 e parece ter afetado vários bairros de Nova Iorque e outros territórios próximos da cidade.

Uma das mutações nesta variante, cada vez mais prevalente, é a mesma em relação à mudança encontrada na variante que foi identificada pela primeira vez na África do Sul, a B.1.451. Esta mutação escapa com maior facilidade à resposta imunitária do corpo e aos efeitos da vacinação.

“Observamos um aumento constante na taxa de deteção [da variante] desde o final de dezembro e até meados de fevereiro, com um aumento alarmante de 12,7 por cento nas últimas duas semanas”, adiantou a equipa do Centro Médico da Universidade de Columbia, num relatório ainda não publicado que foi consultado pela CNN.

Esta é a mais recente de um número crescente de variantes que têm surgido nos Estados Unidos, o país com maior número de infeções e de óbitos por Covid-19, e onde a propagação do vírus continua a ser preocupante.

É frequente que os vírus sofram mutações constantes, à medida que o tempo passa e mais pessoas são mais infetadas. De cada vez que há uma nova infeção, o corpo do paciente é carregado com milhares de cópias do vírus, sendo que o mesmo pode sofrer ligeiras alterações ou mutações.

Na grande maioria, estas variações surgem e desaparecem, mas por vezes são transmitidas e repetidas em novas transmissões. Com esse novo padrão, a nova mutação torna-se variante, sendo que há variantes com elementos mais preocupantes, como o maior índice de transmissibilidade ou maior resistência a tratamentos.

A mutação mais preocupante da variante identificada em Nova Iorque é designada de E484K, que permite ao vírus “escapar” à resposta imunológica do corpo e aos tratamentos contra a Covid-19. A taxa de deteção desta nova variante tem vindo a subir de forma preocupante nas últimas semanas.

"É essa nova variante que está a crescer de forma alarmante entre a população", salientou a equipa de Columbia no relatório fornecido à CNN.

Do outro lado do país, uma equipa da California Institute of Technology também detetou a emergência da B.1.526 em Nova Iorque. O relatório em causa ainda não foi revisto por pares, mas já está disponível na internet.
Variante da Califórnia também preocupa

A notícia da identificação de uma nova variante com origem em Nova Iorque surge dois dias depois da revelação de resultados preocupantes acerca de uma nova variante com cada vez maior predominância na Califórnia.

Como acontece no caso da variante com origem em Nova Iorque, a investigação ainda está numa fase inicial, mas uma equipa da Universidade da Califórnia, em São Francisco, descobriu que esta estirpe, identificada pela primeira vez em dezembro, se está a tornar muito mais comum. No final de janeiro, já tinha sido encontrada em metade das amostras analisadas.

A variante da Califórnia, denominada B.1.427/B.1.429, tem um padrão de mutações diferentes das registadas no Reino Unido (B.1.1.7 ou B.1.351). Há uma mutação específica – a L452R – que está a preocupar os investigadores, uma vez que há uma maior ligação às células do paciente, fator que potencia o caráter mais infecioso de toda a mutação.

Charles Chiu, um dos investigadores envolvidos no estudo desta variante, disse à CNN que a nova estirpe também é potencialmente mais perigosa. “Neste estudo, observamos um aumento da gravidade da doença associada à infeção B.1.427 / B.1.429, incluindo aumento do risco de alta necessidade de oxigénio", sublinhou.
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