PM de São Tomé e Príncipe diz que "regressou o entendimento" com o PR

por Lusa

O primeiro-ministro de São Tomé e Príncipe afirmou hoje que "regressou o entendimento" nas relações com o Presidente da República, depois de um período que classificou de "tempestade".

"Houve essa pequena tempestade de percurso, é algo naturalíssimo em democracia, naturalmente que tiramos ilações na aprendizagem", disse Jorge Bom Jesus a jornalistas à margem da apresentação oficial do projeto de reabilitação do aeroporto internacional de São Tomé que vai ser executado pela cooperação chinesa.

"Há coisas a corrigir, em nome da dignificação da imagem do Estado são-tomense que temos que veicular para atrair os investidores. O país está calmo, está bem, as instituições estão pacificadas, o entendimento existe e só resta relegar para o segundo plano toda a especulação possível e imaginaria", acrescentou o primeiro-ministro, eleito pelo Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe.

Evaristo de Carvalho foi eleito Presidente com o apoio da Ação Democrática Independente (ADI) e do então primeiro-ministro, Patrice Trovoada, de quem era próximo.

Nas últimas semanas, as relações entre as duas entidades deterioraram-se, depois de o ex-ministro das Finanças Américo Ramos ter sido detido pela Polícia Judiciária por suspeitas de desvio de dinheiro, e o antigo título das Infraestruturas, Obras Públicas e Recursos Naturais Carlos Vila Nova ter sido impedido de sair do país.

Por causa disso, Evaristo Carvalho, em mensagem ao país, acusou o governo de "deslealdade institucional e de premeditada tentativa de subversão da ordem constitucional".

Acusou ainda que o executivo de "comportamentos e atitudes, decisões e práticas que põem em risco a vida coletiva, a harmonia social e a paz necessária a construção de uma nação pacifica, republicana e respeitadora dos direitos fundamentais de cada um dos nossos cidadãos".

Em resposta, também numa mensagem ao país, Bom Jesus rejeitou as acusações e lamentou que o chefe de Estado não seja "um aliado de confiança para salvaguardar os interesses da nação".

"É surpreendente uma declaração do chefe de Estado que acusa o governo de deslealdade institucional e de premeditada tentativa de subversão da ordem constitucional, afirmação que o governo rejeita categoricamente", diz Jorge Bom Jesus aos jornalistas.

Durante as suas declarações, o chefe do executivo prometeu também uma solução para a reivindicação salarial dos militares, compromisso assumido pelo anterior governo.

"Naturalmente que sim e nós dissemos aos militares: o Estado é uma pessoa de bem, os compromissos são para honrar em nome da continuidade do Estado", explicou Jorge Bom Jesus, reafirmando que "este governo vai assumir as heranças: o bom e o mau".

E lembrou que existem "muitos compromissos que foram assumidos em termos salariais no ano passado para começarem a ser materializado a partir de janeiro de 2019".

"São os militares, a Polícia Judiciaria, os funcionários da Assembleia Nacional (parlamento), as Estatísticas, a Inspeção Geral da Educação. A lista é grande, mas em diálogo e concertação nós vamos encontrar uma solução", explicou.

Fonte militar disse hoje à Lusa que o diploma já promulgado e que aguarda apenas o cumprimento da lei estabelece 25 por cento de aumento salarial para a classe dos sargentos e 15 por cento para os oficiais.

No dia 15, o primeiro ministro reuniu-se no seu gabinete com as chefias militares, lideradas pelo Chefe de Estado Maior General das Forças Armadas (CEMGFA), o brigadeiro Horácio de Sousa.

"A realidade económica está à vista de todos, o orçamento é uma previsão, vamos todos trabalhar para arrecadar as receitas necessárias, mobilizarmos os financiamentos possíveis para concretizarmos aquilo que são os compromissos, sempre conscientes de que as nossas receitas não cobrem as nassas despesas", lembrou Jorge bom Jesus.

 

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