Polónia aprovou lei para expulsar migrantes e construção de muro na fronteira com a Bielorrússia
Na quinta-feira, o Parlamento da Polónia aprovou uma lei que permite que os guardas de fronteira expulsem os migrantes que tentam atravessar a fronteira ilegalmente. Esta alteração à lei polaca permite também ignorar um pedido de asilo feito após a travessia ilegal da fronteira. A União Europeia e vários grupos de direitos humanos acusam Varsóvia de praticar a expulsão, que consiste em escoltar os migrantes detidos na fronteira e obrigá-los a regressar à Bielorrússia.
As autoridades polacas reservam-se o direito "de arquivar sem análise" o pedido de proteção internacional apresentado por "um estrangeiro detido imediatamente após a travessia ilegal da fronteira (…), a menos que tenha chegado diretamente de um território onde a sua vida e a sua liberdade estejam ameaçadas".
I’m very concerned about reports of people including children stuck in forests in dire situation at external EU borders with #Belarus.
— Ylva Johansson (@YlvaJohansson) October 13, 2021
I requested the @EU_Commission + @eu_eeas meet with
PL 🇵🇱 LT 🇱🇹 LV🇱🇻 Ambassadors Thursday 14 Oct to discuss possible ways forward.
Há um mês, Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) declarou-se "preocupado com as informações alarmantes" sobre a fronteira polaca.
A Polónia aprovou, no Parlamento, a construção de um muro para evitar que os migrantes cruzem a sua fronteira a partir da Bielorrússia. O custo de construção do muro está estimado em 353 milhões de euros e incluirá também a instalação de detetores de movimento.
A proposta, que estipula que ninguém poderá estar a menos de 200 metros do muro, foi aprovada pelo Governo nacionalista polaco na terça-feira e justificada com o "aumento do número de tentativas de cruzar a fronteira".
Segundo Bruxelas, o regime bielorrusso organizou deliberadamente o aumento do fluxo de migrantes dos últimos meses, como retaliação pelas sanções europeias impostas para penalizar o regime de Alexander Lukashenko. A Polónia, por isso, respondeu enviando milhares de militares para a fronteira e adotando um estado de emergência, além de construir uma cerca de arame farpado.
O país foi um dos 12 Estados que, na semana passada, pediram a Bruxelas para financiar "barreiras" fronteiriças para impedir que os migrantes entrem no território da União Europeia.
O projeto do muro já foi criticado por organizações não governamentais, que acusam as autoridades polacas de reagir com brutalidade à tentativa de entrada de migrantes e que alertam contra uma possível "catástrofe humanitária", em particular por causa das condições de vida dos migrantes que são obrigados a esperar nos bosques e pântanos perto da fronteira numa altura em que o frio já causou vítimas de hipotermia.