Prisão de Madoff é como um "clube de campo"

por Ana Sanlez, RTP
Bernard Maddof enfrenta uma pena de 150 anos de prisão Justin Lane/EPA

Bernard Madoff sente-se mais seguro na prisão, onde é tratado como uma “celebridade” e vive como se estivesse num “clube de campo”. As revelações foram feitas numa carta que o ex-investidor norte-americano condenado por fraude enviou à nora, Stephanie Mack, após o suicídio do seu filho, Mark Madoff.

A carta foi divulgada esta quinta-feira pelo canal norte-americano ABC durante uma entrevista de Stephanie Mack à estação, naquele que foi o primeiro relato na primeira pessoa de um familiar de Madoff após o escândalo que abalou a estrutura financeira mundial.

"Como podes imaginar, sou uma celebridade na prisão e tratam-se como um padrinho da máfia. Chamam-me ‘Tio Bernie' e ‘Mr. Madoff'. Não vou a lado nem nenhum sem que alguém me cumprimente para demonstrar apoio. De facto é muito bonito como se preocupam com o meu bem-estar aqui", relata Madoff na missiva datada de 4 de agosto de 2009.

Sobre a prisão do estado da Carolina do Norte onde se encontra a cumprir pena, Madoff faz uma descrição quase idílica. "Parece um campus universitário com bonitas árvores e relvados". Aqui estou muito mais seguro do que a andar pelas ruas de Nova Iorque", acrescenta.

Nora "repugnada"

Na entrevista à ABC, Stephaine Mack confessou ter ficado "repugnada" com o conteúdo da carta, e que "cuspiria na cara" de Madoff se voltasse a encontrar-se com ele. "Dir-lhe-ia que o tomo como o principal responsável pela morte do meu marido", afirma Stephanie.

Na carta que enviou à nora, Madoff assume, porém, o sentimento de culpa pelo destino do filho. "Daria a minha própria vida para trazer o Mark de volta. Culpo-me por tudo o que aconteceu e nada vai mudar isso", relata.

Num livro de memórias publicado ontem nos Estados Unidos, Stephanie Mack classifica o marido como um "herói" e defende a sua inocência no esquema montado pelo sogro. Mark Madoff suicidou-se em dezembro de 2010, precisamente dois anos depois da descoberta da gigantesca fraude financeira concebida por Bernard Madoff.

O ex-investidor, de 73 anos, foi detido em dezembro de 2008 e dado como culpado em junho de 2009, pela organização do maior esquema piramidal de sempre em Wall Street, estando atualmente a cumprir uma pena de 150 anos de prisão.

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