Queda de avião. Rússia e grupo ligado à Wagner confirmam morte de Prigozhin

Um avião cuja lista de passageiros incluía Yevgeny Prigozhin, líder do grupo Wagner, caiu esta quarta-feira em território russo, tendo morrido todos os dez ocupantes a bordo. Tanto a autoridade de aviação russa como um grupo ligado à Wagner já vieram confirmar a morte de Prigozhin.

Joana Raposo Santos - RTP /
Os serviços de emergência confirmaram que todos os passageiros do avião morreram na queda. PMC Wagner via Reuters

Poucas horas após a queda, um canal na plataforma Telegram ligado ao grupo Wagner anunciou a morte do líder da Wagner. “Um herói da Rússia, um patriota desta terra, Yevgeny Prigozhin morreu como resultado de ações de traidores dentro da Rússia”, lê-se nesse canal. “Mas, mesmo no inferno, vai ser o melhor! Glória à Rússia!”.

Pouco depois, a Agência Federal de Transporte Aéreo da Rússia (Rosaviatsiya) indicou que Prigozhin era um dos passageiros do jato privado que se despenhou.

Segundo a mesma fonte, estava também entre os passageiros Dmitry Utkin, um dos fundadores do grupo Wagner e ex-oficial das forças especiais russas.

"De acordo com a companhia aérea, os seguintes passageiros estavam a bordo do avião Embraer - 135", disse Rosaviatsiya, citando os nomes de Prigozhin e Utkin.

Anteriormente, a Rosaviatsia tinha anunciado uma investigação à queda. "Foi lançada uma investigação à queda do avião Embraer que ocorreu esta noite na região de Tver. Na lista de passageiros está o nome e apelido de Yevgeny Prigozhin", disse a entidade.Segundo as agências Ria Novosti, TASS e Interfax, os serviços de emergência confirmaram que todos os passageiros do avião morreram na queda, entre os quais três pilotos.

A agência russa de notícias TASS tinha avançado pouco antes que Prigozhin poderia estar no avião que caiu na região de Tver, 150 quilómetros a norte de Moscovo, quando fazia o percurso da capital até São Petersburgo.

Segundo a imprensa russa, os oito corpos já encontrados estão completamente carbonizados, pelo que provavelmente serão necessários testes de ADN para serem identificados.

A Rússia avançou entretanto que irá investigar o que considera um “caso criminal”, tendo já começado essa investigação no local do incidente. Moscovo diz querer estabelecer as causas da queda do avião.

Antes de o canal ligado à Wagner ter confirmado a morte de Prigozhin no Telegran, bloggers ligados ao grupo avançaram que havia dois aviões de Prigozhin no ar e que um deles aterrou de forma segura no aeroporto de Moscovo, enquanto o outro caiu.

Essa informação trouxe suspeitas de que o líder da Wagner poderia estar vivo. Várias pessoas referem que Prigozhin possuía passaportes de várias nacionalidades e acreditam que pode agora abrigar-se num país africano.
Corpo do avião caiu a dois quilómetros de uma asa
Dados de monitorização de voo consultados pela Associated Press confirmam que um jato particular registado em nome da Wagner, e que Prigozhin havia usado anteriormente, descolou de Moscovo esta noite e que o seu sinal desapareceu minutos depois.

O avião ter-se-á desintegrado no ar. Imagens de vídeo entretanto divulgadas mostram uma asa e um estabilizador a cair sobre uma zona onde se encontra uma estação ferroviária.

O corpo do avião e a outra asa terão caído sobre uma povoação a dois quilómetros de distância.

Noutras imagens divulgadas nas redes sociais vê-se, aparentemente, peças de um avião em chamas no chão.

O Ministério de Situações de Emergência da Rússia indicou que as operações de busca já começaram perto da vila de Kujenkino, na região de Tver, onde o aparelho Embraer Legacy se despenhou.

O governador de Tver, Igor Rudenia, assumiu o controlo pessoal da investigação sobre o sucedido com o avião civil.

Anton Gerashchenko ex-vice-ministro e atual conselheiro do Ministério do Interior da Ucrânia, partilhou no Twitter imagens não verificadas dos destroços do avião e disse ser “previsível” que isto tivesse acontecido.

“Vai ser interessante descobrir quem mais estava a bordo do avião. Algumas informações indicam que Dmitriy Utkin [militar russo e presumível fundador do grupo Wagner] estava lá também”, escreveu.

O episódio ocorre depois de, em junho, Prigozhin ter liderado um motim contra as Forças Armadas russas. O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, anunciou na altura um acordo com o chefe da Wagner e o presidente russo para pôr fim às 24 horas de tumulto.

O acordo incluiu a transferência das tropas Wagner da Rússia para a Bielorrússia, para auxiliar no treino das forças armadas bielorrussas. O armamento pesado dos mercenários terá ficado na Rússia.

A população ucraniana está a encarar a possibilidade da morte de Prigozhin como uma boa surpresa, já que este foi o líder da linha da frente das tropas russas na zona do Donbass.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, já reagiu ao sucedido esta quarta-feira, dizendo não ficar surpreendido com a possível morte do chefe do grupo mercenário Wagner. "Ainda não sei bem o que aconteceu, mas não estou surpreendido. Poucas coisas acontecem na Rússia sem que Putin tenha algo a ver com isso", frisou.

c/ agências
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