Sally e incêndios. Estados Unidos a braços com catástrofes naturais

por RTP
O furacão Sally atingiu terra quarta-feira, 16 de setembro, e passou a tempestade tropical, provocando entretanto inundações históricas no Alabama e na Florida Reuters

Faltam dois meses e meio para o final da época de furacões e já se chegou à letra S. Sally, a mais recente tempestade a atingir os Estados Unidos este verão, fica para a história pelas inundações que está a provocar nos Estados da Florida e do Alabama.

À sua passagem pelo Golfo do México, dezenas de plataformas petrolíferas foram encerradas.

O furacão atingiu terra no início de quarta-feira, hora local, perto das margens do Golfo no Alabama, com categoria 2 e ventos sustentados de 165 quilómetros/hora. Vento e ondulação destruíram vários pontões ao longo da costa.

A comunidade de Pensacola registou inundações de metro e meio e a queda parcial da ponte Three Mile. Por toda a região, as águas cortaram estradas e bloquearam pontes e viadutos, impedindo a circulação.Uma testemunha relatou queda de granizo na cidade de Pensacola e o Centro para os Furacões avisou para a possibilidade de tornados.

O Governador do Alabama e autoridades locais instaram os residentes a só saírem em caso de necessidade absoluta e a manterem-se afastados de linhas elétricas e de árvores caídas.

A lentidão da tempestade levou a que, "em vez de algumas horas de vento, apanhássemos com mais de 12 horas", queixou-se Grant Saltz, de 38 anos.

Um "pesadelo", classificou David Eversole, meteorologista numa televisão local do Alabama.

"Não é muito comum medir a precipitação em metros", afirmou. "Sally está a mover-se tão lentamente que só bate, bate e bate a mesma área com chuva torrencial e ventos ciclónicos. É um pesadelo".
Chuva "irreal"
As autoridades esperam para os próximos dias inundações históricas à medida que as águas se acumulam a caminho do mar. David Morgan, sherife de Escambia, na Florida, diz que será uma "tremenda operação" de salvamento e de retirada de pessoas.

Calcula-se que Sally tenha despejado em terra entre 25 a 50 centímetros de chuva por hora.

Sendo uma das tempestade mais lentas de que há memória, a circunstância levou à queda concentrada de precipitação em determinadas áreas, muitas delas já inundadas devido a chuvas recentes.

A combinação está a ter resultados catastróficos.

"A chuva é aquilo que marca esta: é irreal", reagiu Cavin Hollyhand, de 50 anos, que fugiu da sua casa numa ilhota para se refugiar em Mobile, Alabama.Sally passou entretanto a tempestade tropical depois dos seus ventos abrandarem para os 113 quilómetros por hora, mesmo à beira da categoria 1.

As inundações levaram ao corte de eletricidade para mais de 500 mil casas e lojas, referiu o Centro Nacional de Furacões dos Estados Unidos.

Sally está a mover-se a uns escassos oito quilómetros/hora para a fronteira entre os Estados de Alabama e da Florida, e deverá ganhar velocidade nas próximas horas, adiantou o Centro.

Os estragos causados pelo Sally deverão chegar aos dois mil ou três mil milhões de dólares, espera Chuck Watson, do grupo Enki Research, que segue as tempestades tropicais e faz estimativas quanto ao seu impacto económico.

O cálculo poderá agravar-se se a chuva mais torrencial se der em terra.  
Wilfred e depois alfabeto grego
Sally é a 18ª tempestade no Atlântico Norte deste ano e a oitava com ventos ciclónicos a alcançar a costa norte-americana. Além dela, a região conta com outras três tempestades, uma das quais, denominada Paulette, deverá atingir os Açores durante o fim de semana.

"Já só temos um nome", disse Jim Foerster, principal meteorologista da DTN, uma fornecedora de estatísticas sobre energia, agricultura e tempo, referindo-se à forma de nomear as tempestades. "Vai aparecer em breve o Wilfred e então iremos seguir para o alfabeto grego", revelou.

Desde os anos 80 do séculos XX que as tempestade e furações têm vindo a crescer de intensidade e a aumentar de frequência no Atlântico Norte. Os climatologistas atribuem o fenómeno ao aquecimento global.

O mesmo aumento de temperatura é invocado para explicar a ocorrência de incêndios devastadores sobretudo na Califórnia, onde seis dos mais intensos lavraram praticamente em simultâneo nas ultimas duas semanas.
Desde agosto, dezenas de incêndios queimaram quase dois milhões de hectares de vegetação rasteira e erva, em Oregon e no Estado de Washinton.
Várias pequenas cidades desapareceram em fumo, milhares de casas foram destruídas e pelo menos 34 pessoas perderam a vida.

Devido ao fumo constante, cinco cidades, Portland, Eugene, Bend, Medford e Klamath Falls, registaram níveis históricos de poluição atmosférica.

O fumo dos incêndios da costa oeste dos Estados Unidos chegou mesmo à Europa, esta terça-feira.
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