Sismos. Número de mortos na Turquia e na Síria ultrapassa os 11 mil

por Mariana Ribeiro Soares - RTP
Stoyan Nenov - Reuters

O número de vítimas dos dois fortes terramotos que atingiram na segunda-feira a Turquia e a Síria não para de aumentar e já ultrapassou a barreira dos 11 mil. No terreno, as equipas de resgate lutam contra o tempo para encontrar sobreviventes entre os escombros.

De acordo com o último balanço, o número de mortos na Turquia e na Síria é superior a 11 mil.

O presidente turco anunciou esta quarta-feira que pelo menos 8.574 pessoas morreram na Turquia em consequência dos dois sismos que abalaram o país na segunda-feira, um deles de magnitude 7,8 na escala de Richter. Há ainda registo de mais de 37 mil feridos.

O forte sismo abalou também a vizinha Síria, que registou pelo menos 2.530 vítimas, segundo os números divulgados pelo governo.


Entretanto, as equipas de resgate de ambos os países lutam contra o tempo para encontrar sobreviventes entre os escombros. Na terça-feira, o ministro turco do Interior alertava que as próximas 48 horas seriam “cruciais” para encontrar sobreviventes.
As operações de resgate estão a ser dificultadas pelas condições meteorológicas adversas, com as equipas a lutarem contra o frio, chuva e neve. Entre os escombros ouvem-se gritos de socorro e os familiares desesperam por ajuda.

“Eles estão a falar, mas não está aqui ninguém. Ninguém! Que raio de Estado é este? Estão vivos, mas não vem ninguém”, protestava um residente turco.


Em Gaziantepe, cidade turca próxima do epicentro, uma moradora já perdeu a esperança de encontrar a tia com vida, soterrada sob os escombros. "É tarde demais. Agora estamos à espera dos nossos familiares mortos", disse a moradora, citada pela agência AFP.

"Onde está o Estado? Onde está? Já se passaram dois dias e não vimos ninguém. As crianças morreram congeladas", protesta o sírio Ali, que aguarda pela chegada de reforços, ainda com esperança de salvar o seu irmão e sobrinho, presos nas ruínas.

Até agora, foram retiradas mais de oito mil pessoas dos escombros e cerca de 380 mil estão refugiadas em abrigos ou hotéis. Outras milhares de pessoas abrigam-se em centros comerciais, estádios, mesquitas, escolas e centros comunitários.  
Ajuda internacional

A Autoridade de Gestão de Desastres e Emergências turca indicou que cerca de 60.200 membros das equipas de busca e salvamento, incluindo especialistas de mais de 70 países e de organizações não-governamentais, estão a trabalhar em missões de buscas e salvamento e remoção de escombros, no âmbito de um dispositivo que conta com mais de 100 aviões e helicópteros destacados.

As primeiras equipas de resgate estrangeiras chegaram na terça-feira. Segundo o presidente turco Recep Tayyip Erdogan, 45 países ofereceram ajuda.

A União Europeia (UE) mobilizou 1.185 equipas de resgate e 79 cães de busca para a Turquia de 19 Estados-membros, incluindo França, Alemanha e Grécia.

Um avião de transporte militar da Coreia do Sul partiu esta quarta-feira para a Turquia com 118 socorristas do exército, equipamento e material, avançou o Ministério da Defesa Nacional sul-coreano, num comunicado.

Também a Austrália anunciou o envio para a Turquia de mais de 70 especialistas para ajudar nas tarefas de busca e salvamento. Portugal também envia esta quarta-feira para a Turquia uma Força Operacional Conjunta ao abrigo do mecanismo europeu.

A saída da equipa portuguesa, composta por operacionais da Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), da GNR, do Regimento Sapadores Bombeiros e do Instituto Nacional de Emergência Médica estava prevista para as 14h30 de Figo Maduro, mas a partida foi adiada para as 22h00.

O presidente turco declarou estado de emergência por três meses nas dez províncias afetadas pelo terremoto e encerrou as escolas durante uma semana. Recep Tayyip Erdogan vai visitar as áreas mais afetadas pelos sismos na região sul do país.

O terramoto de 7,8 na escala de Richter ocorreu a 33 quilómetros da capital da província de Gaziantep, no sudeste da Turquia, próximo da fronteira com a Síria, a uma profundidade de 17,9 quilómetros. Poucas horas depois, um segundo sismo de magnitude 7,6 foi sentido também no sudeste da Turquia.

O terramoto de segunda-feira é o maior registado na Turquia desde o sismo de 17 de agosto de 1999, que causou a morte de 17 mil pessoas, incluindo mil em Istambul.

c/agências
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