Ucrânia com cortes de energia após vaga de mísseis russos

por Cristina Sambado - RTP
Sergey Dolzhenko - EPA

A Ucrânia introduziu cortes de energia de emergência em seis regiões, no meio do que as autoridades descreveram como um ataque “em massa” de mísseis russos. As autoridades ucranianas já tinham declarado um alerta aéreo em todo o país.

Em comunicado, o operador nacional de eletricidade Ukrenergo afirmou que tinha introduzido os cortes de energia nas regiões de Kharkiv, Sumy, Poltava, Zaporizhzhia, Dnipropetrovsk e Kirovohrad.

Por outro lado, o ministro ucraniano da Energia, German Galushchenkosaid, afirmou nas redes sociais que também estavam em vigor “medidas preventivas” que envolviam o sistema de distribuição.


O inimigo não para de aterrorizar os ucranianos”, acrescentou o ministro da Energia, Guerman Galushchenko, na rede social Facebook. 

Já o presidente ucraniano afirmou que a Rússia tinha disparado “mais de 40 mísseis e 70 drones contra o setor energético da Ucrânia”. Segundo Volodymyr Zelensky 30 dos mísseis foram abatidos.
Em pleno inverno, o alvo dos russos mantém-se inalterado: o nosso sector energético. Entre os alvos estão as infraestruturas de gás e as instalações de energia que garantem uma vida normal à população”, escreveu Zelensky nas redes sociais. A Rússia tem efetuado ataques aéreos regulares à rede de energia da Ucrânia, enquanto as suas forças terrestres avançam no campo de batalha da invasão do Kremlin, que já dura há três anos.

Segundo o governador da região de Lviv, Andriy Sadovyi,“houve ataques a duas instalações críticas de infraestruturas críticas foram atingidos nos distritos de Drogobytch e Stryï”.

Nas redes sociais, Andriy Sadovyi revelou ainda que o ataque das forças russas provocou vários danos nas infraestruturas, mas, “felizmente não há vítimas”.

O inimigo atacou as infraestruturas energéticas da nossa região e da Ucrânia. Foram realizados cortes de emergência em seis regiões, mas Lviv ainda não está nesta lista”, acrescentou.


O governador de Lviv divulgou também que “um míssil caiu perto de uma casa na aldeia de Sknyliv, criando uma cratera de seis metros de largura, sem causar quaisquer vítimas”.

Na região vizinha de Ivano-Frankivsk, o ataque visou “locais de infraestruturas essenciais”, sem causar vítimas, avançou o governador deste território, Stitlana Onychtchouk.
Alerta aéreo nacional
As autoridades ucranianas declararam esta quarta-feira alerta aéreo em todo o país face ao perigo de um ataque de mísseis russos.

Na conta do Telegram, a força aérea mencionou mísseis a voar em direção a Kryvyï Rig, a terra natal do Presidente Volodymyr Zelensky, no centro da Ucrânia, bem como em direção às regiões de Cherniguiv (norte), Poltava (centro) e Mylovaïv (sul).

“Foi também detetado um grupo de mísseis de cruzeiro em direção a Kiev, acrescentou a mesma fonte.

O alerta foi declarado um dia depois de a Ucrânia ter lançado um ataque contra infraestruturas militares em território russo, que Kiev considerou a maior ofensiva desde o início da guerra.

O ataque teve como alvo a República do Tartaristão e a região de Saratov, no Volga, bem como a região fronteiriça de Bryansk e ainda Tula, perto de Moscovo.

“As forças de defesa ucranianas realizaram os ataques mais massivos contra alvos militares (...) a uma distância de 200 a 1.100 quilómetros no interior da Rússia", indicou o Estado-Maior Ucraniano.

Os ataques atingiram com sucesso um depósito de petróleo em Engels, que já tinha sido alvejado em 8 de janeiro, provocando na altura um incêndio de cinco dias, que causou a morte de dois bombeiros russos.

Noutro alvo, as forças ucranianas reclamaram ter visado a fábrica química de Seltso, na região de Bryansk, que, segundo Kiev, produz componentes para artilharia, lançadores múltiplos de `rockets`, aviação e mísseis.

A mesma fonte apontou também ataques a uma fábrica de produtos químicos na região de Tula, a um depósito de munições num aeródromo em Engels, em Saratov, e a uma refinaria de petróleo na mesma região.
O Ministério russo da Defesa afirmou que o ataque ucraniano foi realizado com recurso a seis mísseis norte-americanos ATACMS e seis mísseis britânicos Storm Shadow, acrescentando que todos os projéteis foram abatidos sem causar vítimas.


As forças ucranianas intensificaram os ataques aéreos contra depósitos de combustível, refinarias e instalações militares na Rússia nos últimos meses para dificultar a logística das forças russas que combatem no seu território.

Moscovo prometeu responder sistematicamente a qualquer ataque de mísseis ocidentais no seu território e ameaçou atingir o centro de Kiev ou utilizar o seu novo míssil hipersónico experimental Oreshnik.


Kiev e Moscovo intensificaram os ataques nos últimos meses e querem reforçar as suas posições antes de o republicano Donald Trump regressar à Casa Branca, na próxima segunda-feira, tendo o presidente eleito dos Estados Unidos indicado que quer trabalhar para parar a guerra assim que tomar posse.

c/ agências
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