Último governador britânico de Hong Kong acusa a China de trair o território

por Lusa
Bobby Yip - Reuters

O último governador britânico de Hong Kong disse que a China traiu o território, reforçando o controlo sobre a cidade que prometeu manter as liberdades.

"O que estamos a ver é uma nova ditadura chinesa", disse Chris Patten, numa entrevista ao The Times de Londres.

"Acho que o povo de Hong Kong foi traído pela China, o que provou mais uma vez que não se pode confiar" na China, denunciou.

"O que estamos a ver é uma destruição completa da Declaração Conjunta", disse Chris Patten.

A transferência de Hong Kong para a República Popular da China, em 1997, decorreu sob o princípio "um país, dois sistemas". Tal como acontece com Macau, para aquela região administrativa especial da China foi acordado um período de 50 anos com elevado grau de autonomia, a nível executivo, legislativo e judiciário, com o Governo central chinês a ser responsável pelas relações externas e defesa.

Hoje, o movimento pró-democracia em Hong Kong exortou a população a sair às ruas para denunciar o plano de Pequim de impor uma lei de segurança nacional à cidade, que muitos temem anunciar o fim das liberdades na antiga colónia britânica.

Ativistas pró-democracia multiplicaram as convocações para reuniões hoje à tarde em alguns distritos comerciais da ilha de Hong Kong, procurando relançar os protestos que abalaram o território entre junho e dezembro de 2019.

Embora reforçada pelo triunfo da "pró-democracia" nas eleições locais de novembro, essa mobilização acalmou no início do ano devido às milhares de detenções realizadas pela polícia e, principalmente, pelas restrições ao direito de manifestação ordenado para combater o surto da covid-19.

O Parlamento chinês anunciou esta semana que vai aprovar uma lei sobre a "proteção da segurança nacional" em Hong Kong, que irá limitar a atividade da oposição.

Esta lei de segurança, que visa proibir a "traição, secessão, sedição (e) subversão", é um dos destaques da sessão anual da Assembleia Popular Nacional, o parlamento chinês, que está a decorrer.

O texto surge após repetidas advertências do poder comunista chinês contra a dissidência em Hong Kong, abalado no ano passado por sete meses de manifestações que culminaram na exigência de reformas democráticas e que foram quase sempre marcadas por confrontos com a polícia.

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