As imagens de ursos polares expulsos do seu habitat natural em resultado das alterações climáticas têm agora o seu reverso: ao serem expulsos, procuram outros lugares, e por vezes os que são habitados por seres humanos. Neste caso, a cidade de Belushya Guba, que teve de declarar o estado de emergência.
A cidade, situada no arquipélago de Novaya Zemlya, no Ártico russo, viu-se invadida por meia centena de ursos que, segundo a televisão Russia Today, procuravam comida e importunavam os moradores.
Ontem, sábado, decidiu-se decretar o estado de emergência, segundo o vice-presidente da administração local, Aleksandr Minayev, porque, apesar de se dizer que os ursos polares não costumam atacar os seres humanos, "as pessoas estão com medo, têm receio de sair à rua, têm a sua vida quotidiana em polvorosa, os pais não querem deixar os filhos ir para as escolas e para as creches".
A cidade de Belushya Guba é a mais afectada pela invasão de ursos que, no entanto, também se faz sentir noutras localidades vizinhas. Vários videos mostram os animais, em bando, a deambularem pelas ruas e a procurarem resíduos comestíveis. Aparentemente, há pelo menos cinco ursos do grupo que já decidiram instalar-se na cidade, como local de residência permanente.
Já no ano passado a migração de ursos fora notada no arquipélago, mas nunca no centro de alguma cidade. Não há antecedentes de uma invasão em escala semelhante.
A administração da cidade mandou colocar vedações e tentou assustar os ursos com o movimento de veículos e o disparo de tiros de aviso - até agora sem êxito. Também se decidiu dar caça aos ursos, mas aí existe legislação que os classifica como espécie ameaçada e, portanto, a proteger.
Em alternativa, a autoridade nacional de protecção da natureza enviou uma equipa para o local, com o propósito de ver como se pode erradicar a praga sem demasiado derramamento de sangue.