Valores do passado devem estimular jovens a trabalhar por Timor-Leste, disse presidente do parlamento

por Lusa

O presidente do Parlamento Nacional timorense disse hoje que os jovens timorenses devem recordar a dureza e a dificuldade da luta pela libertação de Timor-Leste, trabalhando em prol da estabilidade, paz e desenvolvimento nacionais.

"É muito importante, ao olhar para o futuro, fazer lembrar aos nossos jovens que foi uma luta extensa para atingir esta liberdade e poder retomar a proclamação feita pelos nossos fundadores a 28 de novembro de 1975", afirmou Arão Noé Amaral, em declarações à Lusa.

"Dessas longas lutas perdemos muitos jovens, muitas forças da Falintil e combatentes para atingir esta meta. Agora cabe aos nossos jovens refletir sobre esta luta para o futuro, criar paz e estabilidade para poder atingir um futuro de libertar o povo da pobreza", afirmou.

Arão Noé Amaral falava à Lusa à margem da abertura no Parlamento Nacional da exposição "Das Cinzas à Reconciliação, Reconstrução e Desenvolvimento Nacional", que reúne imagens e texto para recordar alguns momentos da luta de Timor-Leste pela independência.

A exposição, apoiada entre outros pelo Conselho de Imprensa e pela CHEGA, insere-se nas comemorações do 20.º aniversário do referendo de 30 de agosto de 1999, em que 78,5% dos timorenses escolheram a independência.

Também o ministro da Reforma Legislativa e Assuntos Parlamentares, Fidelis Magalhães, sublinhou a importância de recordar os valores do passado como inspiração para o que ainda há a fazer no país.

"É fundamental. Para avançar para o futuro temos que saber o passado. Não podemos ficar presos do passado, mas temos que o tornar como uma inspiração", afirmou à Lusa.

"Timor-Leste tem mudado bastante. Tem feito muitas coisas. Obviamente que há muito a fazer no futuro, mas o mais importante e crucial é não perder a vontade, não perde o ânimo e o espírito do passado para conseguir alcançar e superar os desafios do futuro. E temos feito bastante", disse.

Na sexta-feira, o Parlamento Nacional acolhe a sessão solene de comemoração dos 20 anos do referendo onde se prevê que, além de Arão Noé Amaral, intervenham o presidente da Assembleia da República portuguesa, Eduardo Ferro Rodrigues, e Ian Martin, chefe da missão da ONU que supervisionou o referendo de 1999 (em representação do secretário-geral António Guterres).

"Para nós é um orgulho o Parlamento Nacional como representante do povo acolher todos os representantes de todas as nações que vêm assistir à comemoração dos 20 anos do referendo e da chegada da INTERFET", disse Amaral.

"Agradecemos bastante a presença de todos em principalmente a presença do presidente da Assembleia da República que representa o senhor Presidente da República neste evento. Desejo que sirva para unir ainda mais o parlamento e a assembleia e, no seu todo, os dois Estados", afirmou.

No discurso de abertura da exposição, o presidente do parlamento recordou a coragem dos timorenses que, há 20 anos, e "apesar da intimidação e da violência", se recensearam e votaram no referendo.

"No dia 30 de agosto de 1999, apesar da campanha de terror perpetrada pelos inimigos da paz e da liberdade, os timorenses enfrentaram todos os obstáculos, e, de cabeça erguida, foram às urnas e decidiram o seu destino", afirmou.

"A coragem e determinação do povo timorense foram determinantes para a realização e sucesso do Referendo. A forma pacífica como os timorenses exerceram o seu direito, dignificou e homenageou a memória de todos que sofreram e se sacrificaram durante 24 anos para que fosse possível a autodeterminação", disse ainda.

Amaral recordou os muitos que morreram durante "os anos de luta e de sacrifício", o papel do líder histórico timorense Xanana Gusmão, os elementos das frentes armada, clandestina e diplomática.

Agradeceu aos funcionários timorenses e estrangeiros da UNAMET, a missão da ONU que organizou o referendo, sublinhou ainda o papel da Igreja Católica e dos ativistas, jornalistas e órgãos de comunicação social, "por terem mostrado ao mundo os horrores cometidos contra o povo timorense".

Arão Noé Amaral recordou ainda o importante papel de Portugal no apoio à autodeterminação e a importância da língua portuguesa em todo o processo.

"Não posso, por fim, deixar de referir o apoio incondicional dos países amigos do povo timorense à sua causa pela autodeterminação, e de destacar o papel fundamental desempenhado por Portugal no palco internacional, para que o direito do povo timorense fosse reconhecido e respeitado", disse.

"Ao longo dos 24 anos de luta, a língua portuguesa foi um dos nossos instrumentos de combate à opressão e de resistência à tentativa de destruição da nossa identidade", disse, apesar dos "constrangimentos que a utilização da língua portuguesa enfrenta hoje na sociedade" timorense.

"Somos um povo, uma pátria, e a língua portuguesa faz parte do nosso futuro", afirmou.

 

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