Visão Global 2017: José Carlos Matias

por José Carlos Matias - Jornalista
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Personalidade do ano: Xi Jinping
Cimentou o poder no Partido Comunista da China (PCC) a um nível só comparável a Mao Zedong ou Deng Xiaoping.

No 19º. Congresso do PCC, Xi inscreveu o seu nome, associado ao seu “pensamento” na Constituição do Partido e viu os seus pares escolherem um Politburo em boa medida à sua imagem.

No plano interno, a máquina de propaganda indica o caminho de entronização do líder que no início do segundo mandato de cinco anos não tem sucessores alinhados para o próximo ciclo de cinco anos que se inicia em 2022, contrariamente ao tinha sucedido com os seus antecessores, alimentando as teses que antevêem uma extensão do poder para além de um segundo mandato.

No plano externo, a China foi assumindo um papel cada vez mais liderante em dossiers como as alterações climáticas e em algumas organizações multilaterais, em contraste claro com a postura da administração Trump. Paralelamente os influxos de investimento directo externo oriundos da China são cada vez mais abrangentes quer do ponto de vista geográfico quer nos sectores sobre o qual incidem, sedimentando a dinâmica “Uma Faixa, Uma Rota”.
Acontecimento do ano: A Vitória de Macron
Não é que tenha sido surpreendente, mas foi certamente importante, muito importante. Pairava sobre a França e a Europa o espectro de um país fundador da Comunidade Europeia, da Europa Ocidental, pátria de Voltaire e Mostesquieu, ser liderada por uma figura política de extrema-direita ou numa versão mais oxigenada, de direita populista. A derrota de Marine Le Pen foi importante também por ter sido expressiva. Por outro lado, quem venceu não foi apenas o candidato não-Le Pen.

Emmanuel Macron representa toda uma visão da França, da Europa e do mundo oposta à de Le Pen. Não será o Salvador do projecto europeu erguido num cavalo alado, mas representa alguma esperança e uma oportunidade para um novo impulso. Corre vários riscos naturalmente. O maior desde logo o da esperança se transformar desilusão que por sua vez abrirá caminho ao medo e ao terreno fértil para o populismo que espreita a cada esquina.
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