Voluntários portugueses pedem intervenção do Governo nos campos de refugiados na Grécia

por Lusa
Farima Hosini, com 9 anos, vive com a família num abrigo temporário para refugiados em Lesbos, na Grécia Alkis Konstantinidis - Reuters

Mais de 200 voluntários portugueses escrevem hoje ao Presidente da República e ao Governo a alertar para as condições nos campos de refugiados na Grécia e a pedir que Portugal receba os mil migrantes com que se tinha comprometido.

As mais de duas centenas de voluntários classificam de "emergência humanitária a situação alarmante e desumana que se vive no campo de refugiados de Moria, na ilha de Lesbos, na Grécia", segundo a carta que hoje enviam ao Presidente da República e ao Governo.

Com a carta, os voluntários "querem denunciar a situação e acordar o Estado português e a sociedade civil para o facto de que a crise migratória não está de todo resolvida e está às portas da Europa", disse à Lusa o porta-voz, Tiago Marques.

O coletivo de voluntários lembra que Portugal se comprometeu a reinstalar 1.100 refugiados, no âmbito de um acordo bilateral celebrado com a Grécia em 2019.

Contudo, apenas 186 refugiados oriundos da Turquia e 220 do Egito chegaram ao território nacional desde 2018.

"É urgente que o Governo português faça cumprir o acordo bilateral celebrado e não efetivado com o Estado grego, dando prioridade máxima às pessoas mais vulneráveis que se encontram no campo de refugiados de Moria", frisa a carta.

No campo de refugiados de Moria vivem 20 mil pessoas, quando este tem capacidade para 3.100, alertam.

Além da falta de água, falhas de eletricidade, más condições sanitárias e escassos cuidados de saúde, uma casa de banho serve três centenas de pessoas e os residentes esperam três horas por uma refeição, descrevem.

Neste campo de refugiados, nos últimos dois meses, morreram cinco pessoas, das quais três crianças - uma por desidratação, outra por atropelamento e outra esfaqueada - e duas mulheres por incêndio dentro dos contentores.

Os voluntários chamam também a atenção que a situação é semelhante no campo de refugiados na ilha grega de Samos, onde vivem 7.000 pessoas, apesar de ter apenas capacidade para 650.

Segundo os voluntários, a situação "agravou-se nos últimos dias", depois de a Turquia, que acolhe mais de três milhões de refugiados, ter aberto as suas fronteiras.

Na semana passada, as organizações humanitárias Amnistia Internacional e Human Rights Watch pediram aos Estados-membros da União Europeia que discutam e respondam em conjunto à crise migratória na fronteira turco-grega, partilhando a responsabilidade de acolhimento e defendendo os direitos humanos.

Na passada terça-feira, segundo relatos citados pelas organizações humanitárias, os habitantes da ilha grega de Lesbos impediram que os barcos chegassem à costa, atacaram ativistas, carros de voluntários e jornalistas.

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