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Ambiente mais tranquilo no bairro da Jamaica apesar da "revolta" pela PSP

por Lusa

O ambiente no bairro da Jamaica, no Seixal, distrito de Setúbal, já se encontra mais tranquilo e, apesar de perdurar a "revolta" contra os agentes da PSP, os moradores negam o envolvimento na manifestação em Lisboa.

"É sensivelmente de revolta pelos acontecimentos que sucederam [...], mas estamos a tentar retomar o dia-a-dia normalmente. A vida continua, apesar do que aconteceu no domingo", disse um dos membros da Associação de Desenvolvimento Social de Vale de Chícharos à agência Lusa.

Vanessa Coxi vive no bairro e é familiar de alguns dos moradores que participaram no incidente, tendo garantido que "não foi atirada nenhuma pedra" aos agentes da PSP e que a situação piorou após "terem colocado os sogros ao barulho".

"Quando a minha cunhada bateu no polícia, foi porque ele já tinha batido na mãe dela. Não há ninguém que consiga ver uma pessoa a bater nos pais e ficar quieto", referiu.

No domingo de manhã, a PSP foi chamada a Vale de Chícharos, mais conhecido como bairro da Jamaica, após ter sido alertada para "uma desordem entre duas mulheres", o que resultou no ferimento, sem gravidade, de cinco civis e de um agente.

Devido a esta ocorrência, realizou-se uma manifestação em frente ao Ministério da Administração Interna, em Lisboa, que resultou em quatro detenções por apedrejamento aos agentes da PSP, incêndios a caixotes e viaturas na zona de Loures e Odivelas, e lançamento de `cocktails Molotov`, em Setúbal.

Contudo, Vanessa Coxi afirmou que os moradores do bairro não organizaram nenhum destes movimentos.

"Temos que agradecer o apoio que nos tem vindo a ser dado, mas também vou aproveitar a oportunidade porque tenho que exigir que retirem uma mentira. [...] Dizem que foram os moradores do bairro que convocaram a manifestação, mas não foi ninguém aqui do bairro", frisou.

Todas as pessoas com quem a Lusa falou esta manhã, em Vale de Chícharos, disseram não ter participado no protesto e, para Vanessa Coxi, as revoltas devem-se a situações semelhantes que acontecem noutros bairros.

"O que ocorreu aqui foi o culminar de tudo o que já se tem vindo a passar, não só aqui na Jamaica, mas também noutros bairros, porque é comum acontecer o que aconteceu aqui no domingo. Foi apenas mais um episódio e foi o que acabou por gerar esta onda de indignação", indicou.

Também Vital Pedro, morador no bairro há quase 20 anos, confirmou que estas situações com a polícia são recorrentes na Jamaica, mas que desta vez "foi muito violento".

No interior de um dos edifícios com fachada em tijolo foi possível falar com Gina Coxi, uma das jovens que esteve na origem do confronto e que demonstrou uma grande revolta.

"A única coisa que eu quero mesmo é justiça. Quero que percam o cargo que têm e sejam presos. Nós estamos muito revoltados, eu estou muito revoltada e não consigo ir trabalhar. Não consigo nem movimentar o pescoço. [...] Eles arrancaram-me o cabelo, pisaram-me e um deles chamou-me nomes", referiu.

O Ministério Público e a PSP abriram inquéritos aos incidentes no bairro da Jamaica.

Os quatro manifestantes detidos em Lisboa vão ser julgados sumariamente em 07 de fevereiro.

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