Associação de Proteção e Socorro compara resgate a helicóptero do INEM a resposta de 1947

por RTP
Lusa

A Associação de Proteção e Socorro (APROSOC) diz não compreender como em 2018 Portugal reage a um acidente como a queda do helicóptero do INEM como reagiu à queda de um bimotor em 1947. A Associação analisou o relatório preliminar da Autoridade Nacional de Proteção Civil sobre o acidente e elenca um rol de críticas aos procedimentos adotados.

Desde logo, a Associação considera que “os tempos de reação das entidades envolvidas não é adequado a uma emergência” e a ordem das reações “não é própria de um sistema coordenado entre si e com um alegado comando único”.

Em comunicado, a APROSOC diz não compreender “porque motivo a NAV não contactou diretamente o Rescue Cordination Center (RCC) do Comando Aéreo da Força Aérea Portuguesa, ou mesmo o CNOS [Comando Nacional das Operações de Socorro] da ANPC ao invés de perdas de tempo a contactar os Comandos Distritais de Operações de Socorro (CDOS)”.

A associação questiona porque razão as aeronaves não tripuladas (Unmanned Aerial Vehicles - UAV´s) com camaras térmicas, continuam a não ser mobilizadas para a busca e salvamento quando não há condições para a operação de aeronaves tripuladas e porque “ não foram de imediato mobilizados meios tecnológicos de busca e salvamento para a zona, tendo-se apostado, uma vez mais, em métodos tradicionais e arcaicos de busca, bem como, mobilizado, mais uma vez em massa, meios operacionais não adequados ao tipo de missão”.

“Não se compreende como, aparentemente a aeronave em causa não dispunha de sistema Emergency Locator Transmitter (ELT) - SKYbrary Aviation Safety, ou pelo menos um simples Personal Locator Beacon (PLB)”, refere o documento enviado aos jornalistas, que questiona ainda porque ainda se tem de solicitar a “operadores privados a localização de telemóveis e porque não tem a estrutura de proteção civil essa capacidade”.

A Associação realça ainda a falta de “articulação entre a ANACOM e a NAV no sentido de colocar nas cartas de voo: a localização e altura das torres de telecomunicações, ao invés de apenas delas constarem orografias, cabos e torres de transporte de energia”.

Por fim, a APROSOC pergunta porque não se mobilizou “uma força militar de operações especiais especializada em busca e salvamento, habituados a este tipo de terreno, e na dependência do Regimento de Apoio Militar de Emergência (RAME) para estes efeitos”.

“Não se compreende em suma, como em 2018 Portugal reage a um acidente desta natureza, como reagiu na queda do bimotor Dakota em Sintra no dia 1 de fevereiro de 1947, onde 16 pessoas perderam a vida”, diz o documento.

Para a entidade, a “falta de correta articulação interinstitucional e o tão apregoado princípio do comando único, inexistente, foram por demais evidenciados nesta operação”.

“O sistema falha por “desintegração” de informação e de não existir uma “central única” (regional NUTs - Norte, Centro e Sul) /comando único. Não só otimizava os tempos de resposta, como permitiria não haver falhas de conhecimento e processamento de informação”, reforça a associação, elegendo como “imperativo” a necessidade de integrar as centrais todas: 112/CODU/117.
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