Autarca afirma que despacho do tribunal é "mais um passo" para provar inocência
Oeiras, 10 Dez (Lusa) - O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, garante não temer ir a tribunal, afirmando que a decisão de levar o seu processo a julgamento, anunciada hoje, é "mais um passo" para provar a sua "inocência".
Depois de o Tribunal Central de Instrução Criminal ter decidido hoje pronunciar o autarca por sete crimes de participação económica em negócio, corrupção, branqueamento de capitais, abuso de poder e fraude fiscal, Isaltino Morais adiantou aos jornalistas que vai continuar a trabalhar "tranquilo como sempre" e "em prol do cidadão", tendo agora a possibilidade de se defender "no sítio certo".
"Quero reafirmar que não há nenhuma única prova contra mim, o que não deixa de ser surpreendente", afirmou, sublinhando que "o juiz de julgamento não julga em função de suposições".
"Não quero fazer juízos sobre a forma como o processo chegou até aqui, mas o facto é que não há nenhuma prova contra mim. Este despacho é mais um passo no sentido da minha inocência", disse.
Num comunicado distribuído após estas declarações, Isaltino Morais adianta ainda esperar por um julgamento "rápido e justo".
"Não temo o julgamento. Nunca temi. Prefiro a sala dos tribunais aos outros julgamentos que durante quatro anos fui sujeito nas capas de alguns jornais", refere o documento.
O juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), Carlos Alexandre, decidiu pronunciar Isaltino Morais por um crime de participação económica em negócio, três crimes de corrupção passiva para acto ilícito, um crime de branqueamento de capitais, um crime de abuso de poder e outro de fraude fiscal.
Além de Isaltino Morais, o juiz de Instrução Criminal decidiu levar também a julgamento a irmã do autarca, Florípes Morais de Almeida, o jornalista Fernando Trigo, o promotor imobiliário João Algarvio e Mateus Marques.
Florípes Almeida vai responder em Tribunal por co-autoria material com o irmão de um crime de branqueamento de capitais.
O jornalista e actual empresário Fernando Trigo vai a julgamento por um crime de participação económica em negócio e um crime de branqueamento de capitais, ambos em co-autoria com Isaltino Morais.
O promotor imobiliário João Algarvio vai sentar-se no banco dos réus pela autoria material na forma consumada de um crime de corrupção activa.
O arguido Mateus Marques responde também em julgamento por um crime de corrupção activa na forma consumada.
Na leitura abreviada do despacho de pronúncia com 126 folhas, que durou pouco mais de cinco minutos, estiveram apenas presentes três dos cinco arguidos, nomeadamente Florípes Almeida, Fernando Trigo e João Algarvio.
O juiz informou os advogados que ia fazer uma leitura abreviada do despacho, "depois de reflectir este assunto todo" e "pelas razões que se encontram espelhadas em 16 folhas da decisão instrutória" de levar a julgamento os cinco arguidos.
No final, os advogados de defesa escusaram-se a prestar declarações sobre esta decisão, que culmina um processo que decorre nos tribunais há vários anos.
RYC/FC/ARA.