Carris em greve parcial até sexta-feira

Os trabalhadores da Carris iniciam esta segunda-feira uma greve parcial até sexta-feira, às primeiras e últimas horas do serviço diário de cada profissional dos vários setores (tráfego, oficinas ou administrativo), em protesto pelo impasse das negociações com a transportadora.

RTP /
Os utentes podem sentir transtornos ao início e ao fim do dia Tiago Petinga - Lusa

Sindicatos representativos dos trabalhadores da empresa lisboeta (que opera o serviço público rodoviário da cidade e também elétricos e ascensores de rua), convocaram uma paralisação de duas horas no início e no fim de cada turno entre hoje e 6 de junho e de 24 horas em 12 de junho, tendo sido decretados serviços mínimos por um tribunal arbitral.

Manuel Oliveira, do Sindicato Nacional de Motoristas e Outros Trabalhadores (SNMOT) considera que esta greve é uma mensagem para a administração, mas não invalidando que os passageiros possam ter transporte.
O protesto foi convocado pelo Sindicato Nacional dos Motoristas e pelo Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos de Portugal, devido um impasse nas negociações com a administração da Carris.

Ouvido pela Antena 1, Manuel Leal, do STRUP, acusa a Carris de falhar os compromissos já assumidos, entre eles à redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais.

Os sindicatos denunciam, também, o que dizem ser um ataque a um direito constitucional.

Os trabalhadores exigem que a greve não seja considerada para efeitos de majoração das férias, mas a administração da Carris tem uma leitura diferente.

No dia 12 de junho, véspera de feriado em Lisboa, a paralisação é de 24 horas. Foram decretados serviços mínimos.

Além de serem obrigatórios serviços como o transporte exclusivo de deficientes ou os postos médicos da empresa, têm de funcionar “em 50% do seu regime normal” as carreiras 703, 708, 717, 726, 735, 736, 738, 751, 755, 758, 760 e 767.

Em 13 de maio, o Sindicato Nacional de Motoristas e Outros Trabalhadores (SNMOT) explicou que o acordo sobre as atualizações salariais não implicaria o encerramento do processo negocial e que, juntamente com a empresa, iria constituir “grupos de trabalho com vista, nomeadamente, à redução do horário de trabalho de forma faseada para as 35 horas semanais”.

Segundo o sindicato, já se tinha conseguido reduzir a prestação de trabalho efetivo para cerca de 37 horas e 30 minutos semanais, “facto que só foi assumido por todos os envolvidos nesse processo algum tempo depois”, tendo-se realizado em 30 de abril a primeira reunião do grupo de trabalho criado para a redução da prestação de trabalho efetivo para as 35 horas semanais.

Empresa pede paciência

Em declarações à Lusa, o presidente da Carris, Pedro de Brito Bogas, realçou que tem tido “um bom diálogo com as organizações sindicais”, mas assumiu como evidência que “os sindicatos querem sempre mais”.

Nós não conseguimos, num mesmo momento e num período tão curto, aumentar bastante as remunerações e diminuir o tempo de trabalho (…). Temos muita consideração, muita atenção a todas essas reivindicações, já demos vários exemplos disso, mas tem um custo para a empresa muito (grande): neste momento estimamos em oito milhões de euros, mas poderá ser superior e para além disso não é, do ponto de vista logístico, exequível”, frisou o presidente da Carris, Pedro de Brito Bogas.

A Carris está sob gestão da Câmara Municipal de Lisboa desde 2017 e os trabalhadores são representados por várias estruturas sindicais, como o SNMOT, o Sindicato dos Trabalhadores de Transportes Rodoviários e Urbanos (STRUP), o Sitra - Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes, o Sitese - Sindicato dos Trabalhadores do Setor de Serviços e o ASPTC - Associação Sindical dos Trabalhadores da Carris e Participadas.

c/Lusa
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