Covid-19. "É inequívoco que vai haver uma segunda vaga", garante responsável do São João

por RTP

O médico que coordena a equipa de Covid-19 na urgência do Hospital de São João, o hospital que tratou agora o maior número de doentes com a infeção, diz que a situação em Portugal está muito estabilizada, sendo a primeira vez que desce o número de doentes nos cuidados intensivos. Dá como exemplo o hospital de São João que tem esta semana menos 10 a 15% de doentes, o que é "muito positivo". Mas diz que o hospital já se está a preparar para o futuro. "É inequívoco que vai haver uma segunda vaga", garante.

Em entrevista à RTP, Nelson Pereira fala no entanto, da necessidade de "muita cautela" na normalização da vida, compreendendo que a economia e a vida têm de continuar e voltar gradualmente ao normal.

Defende que se deve preparar desde já a segunda vaga de infeções. Isto porque o tempo de internamento em cuidados intensivos desta doença é muito longo, sendo que alguns dos primeiros doentes ainda lá estão internados. "Uma segunda vaga enxertada na primeira, seria um problema", refere Nelson Pereira.

"Nunca estivemos numa situação de ruptura e cremos crer que isso não vai acontecer nos próximos tempos", garante o responsável do São João.

"Isto é uma roleta russa", diz Nelson Pereira em relação à Covid-19, aos seus sintomas e agressividade da doença.

Nelson Pereira argumenta que demora mais criar médicos com formação nos cuidados intensivos do que construir ventiladores e isso é essencial na organização da resposta dos hospitais, reconhecendo que podem ser chamados outros médicos aos cuidados intensivos, desde que tenham a supervisão de especialistas.
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