Empresas e academia favoráveis a ciência na escola primária como inglês ou música

por Lusa

O ensino da ciência na escola à escala do que acontece com o Inglês ou a Música é visto com bons olhos por académicos e empresas que hoje debateram o futuro do ensino científico na Fundação Calouste Gulbenkian.

Paulo Rosado, administrador chefe da empresa Outsystems, que criou uma plataforma para as empresas poderem criar `software` mesmo que os trabalhadores não sejam treinados em informática, afirmou que quem chega ao mercado de trabalho vindo das universidades tem mais dificuldade em resolver problemas do que quem teve uma formação mais técnica, mas no espaço de dois anos acaba por ser mais capaz.

Da empresa Siscog, que faz `software` para gestão de sistemas de caminho de ferro, o administrador Eugénio Morgado afirmou ter "dificuldade em recrutar" todos os trabalhadores especializados precisos, afirmando que é preciso formar "logo a partir do ensino básico", com a presença da ciência nas aulas a partir da primária como hoje se passa com as línguas, a música ou o desporto.

Afirmou que esperar que os mais novos aprendam o gosto pela ciência só com o que os seus professores lhes conseguem transmitir não chega, porque considera impossível um professor ter tempo para as aulas e para se atualizar em conhecimentos que mudam a uma velocidade cada vez maior, especialmente no campo das ciências informáticas.

Paulo Rosado concordou que seria interessante a academia intervir e tentar cativar os mais novos para se interessarem por ciência, fazendo uma analogia com os desportistas ou os músicos, que só conseguem chegar à elite da sua profissão se começarem muito cedo a praticar.

O presidente do Instituto Superior Técnico, Arlindo Oliveira, indicou que o Técnico já tem um grupo de cerca de 30 alunos do ensino básico que todos os anos são selecionados para participar num programa da instituição e levar "um banho de ciência" todos os anos.

Lamentou que as empresas que acolhem universitários para começarem a trabalhar ou a estagiar queiram geralmente "ficar com 100% cento da propriedade intelectual" do que esses universitários ajudam a criar, considerando que "não é razoável".

Do lado da fundação Calouste Gulbenkian, a sua presidente Isabel Mota, defendeu que o ensino de ciência nas escolas tem que ter novos métodos pedagógicos, formação diferente para professores, novos materiais e novos espaços, com laboratórios onde haja "uso mais alargado e intenso das novas tecnologias aplicadas ao ensino".

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