Os guardas prisionais começam esta quinta-feira uma nova greve de alcance nacional, que se prolonga até 18 de dezembro, depois de uma paralisação de quatros dias que terminou na passada terça-feira.
No estabelecimento prisional masculino de Santa Cruz do Bispo, em Matosinhos, perto de 200 reclusos recusaram-se a jantar na quarta-feira.
Fonte da Direção-Geral dos Serviços Prisionais, citada pela agência Lusa, explica que "de forma absolutamente cordata e ordeira os reclusos não quiseram tomar a refeição, tendo regressado ordeiramente às celas".
Também na prisão de Custóias, no distrito do Porto, os reclusos recusaram-se a almoçar. Os guardas prisionais terão disparado balas de borracha para o ar, tendo em vista restabelecer a ordem.
O jornal Público noticia, na edição desta quinta-feira, que aquele estabelecimento teve este ano 312 dias de greve, a maioria às horas extraordinárias, e ainda na quarta-feira outra estrutura sindical, o Sindicato Independente do Corpo da Guarda Prisional, anunciou também que vai realizar uma greve entre 15 de dezembro e 6 de janeiro.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já afirmou estar atento aos protestos.
Marcelo Rebelo de Sousa foi questionado após o protesto na prisão de Custóias, passadas menos de 24 horas desde o motim no Estabelecimento Prisional de Lisboa.
“Ponto de vista humano”
A greve que agora tem início é convocada pelo Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional, que promove ainda uma vigília, entre 18h00 desta quinta-feira e as 10h00 de sexta-feira. A estrutura tem por objetivo conseguir a intervenção do Presidente da República.
O sindicato reivindica, em concreto, o reinício das negociações com o Ministério da Justiça, interrompidas desde o passado mês de agosto, para uma atualização da tabela de remunerações, um novo subsídio de turno e o estabelecimento de novas categorias, além do descongelamento das carreiras e novas contratações para o corpo da Guarda Prisional.
Na quarta-feira, a ministra da Justiça sustentou que, “do ponto de vista humano”, esta não é a melhor época do ano para uma greve de guardas prisionais.
Francisca Fortuna, Tiago Contreiras, Lígia Veríssimo, Pedro Zambujo, Nuno Tavares, Rui Silva, Luís Moreira - RTP
“Estão a ser objetivamente prejudicadas as visitas dos reclusos e estamos a pôr em risco também o ritual típico do Natal em que há visitas dos filhos, em que há um jantar de Natal”, lembrou Francisca Van Dunem.
“Esta não será seguramente a quadra ideal, independentemente das razões que lhes possam assistir, para encetarem este tipo de reivindicação. Porquê? Porque obviamente os únicos prejudicados são os reclusos”, acentuou.