Livro de Gonçalo Amaral proibido por tribunal de Lisboa

por RTP
Gonçalo Amaral publicou no ano passado "A Verdade da Mentira", livro onde defende a sua perspectiva acerca do desaparecimento RTP

O livro de Gonçalo Amaral sobre o desaparecimento de Madeleine McCann vai ser retirado do mercado depois de o Tribunal Cível de Lisboa ter proibido a venda da obra na qual o ex-inspector da Polícia Judiciária defende a tese do envolvimento dos pais no desaparecimento da menina inglesa. "A Verdade da Mentira", editado em 2008, sempre mereceu a reprovação dos McCann.

A decisão judicial surge na sequência de uma acção interposta pela família McCann, Kate, Gerry e os três filhos do casal, Madeleine, Sean e Amelie.

Em resultado de um procedimento cautelar, o tribunal decidiu-se provisoriamente no sentido da proibição da comercialização dos exemplares do livro e do vídeo nele baseado "que ainda restarem nas bancas ou noutros depósitos ou armazéns e a obrigação de (os) recolherem e entregarem a uma depositária".

A decisão do tribunal de Lisboa atende desta forma o procedimento cautelar instaurado contra o ex-inspector Gonçalo Amaral e as suas editoras, a Guerra e Paz, Editores, SA e a VC-Valentim de Carvalho Filmes, Audiovisuais (esta responsável pela divulgação do vídeo), de acordo com a advogada dos McCann.

Madeleine McCann desapareceu no Algarve em Maio de 2007

A menina inglesa de três anos passava férias com os pais e dois irmãos na Praia da Luz quando, a 3 de Maio de 2007, desapareceu do quarto de um apartamento no aldeamento turístico do concelho de Lagos.

O então inspector Gonçalo Amaral, responsável da Judiciária envolvido na investigação, orientou-se de acordo com a tese de que a criança morreu no apartamento, deixando entrever a participação dos pais na ocultação do cadáver.

Kate e Gerry McCann seria constituídos arguidos quatro meses depois do desaparecimento, sendo ilibados apenas quase um ano depois por falta de provas.

Tribunal cala tese da morte de Madeleine McCann

De acordo com a deliberação do tribunal, ficam proibidas sob qualquer forma quaisquer expressões da teoria da morte da menina e ocultação do cadáver com envolvimento dos pais.

O tribunal proibiu as editoras e o autor do livro de "procederem à citação, análise ou comentário expressos, verbalmente ou por escrito, de partes do livro ou do vídeo que defendam a tese da morte ou da ocultação do corpo". Da mesma forma, tanto Gonçalo Amaral como as suas editoras ficam proibidos de "procederem à reprodução ou comentário, opinião ou entrevista, onde tal tese seja defendida ou de onde possa inferir-se".

No sentido de impedir que continue a ser veiculada a tese desde o início da investigação defendida pelo ex-inspector da Judiciária, a Guerra e Paz e a Valentim de Carvalho ficam impedidas de lançar novas edições do livro ou do vídeo já editados ou de "outros livros e/ou vídeos que defendam a mesma tese e que sejam destinados à comercialização ou divulgação por qualquer meio em Portugal".

Por cada dia que estas determinações não sejam acatadas, as editoras ficam sujeitas ao pagamento de uma sanção de mil euros.

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