Maria José Nogueira Pinto assume inteira responsabilidade e acusa BE de oportunismo político

por © 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Maria José Nogueira Pinto assumiu a inteira responsabilidade pela ideia de criação de uma "Chinatown" em Lisboa e acusou o Bloco de Esquerda de oportunismo político e intolerância face às suas ideias e convicções.

Esta é a resposta da ex-vereadora do CDS-PP na autarquia convidada pelo presidente da câmara, António Costa, para dirigir o projecto de revitalização da Baixa-Chiado, depois de o BE ter anunciado que as suas declarações relativamente à restrição das lojas chinesas na baixa a impediam de assumir aquelas responsabilidades.

"A reacção do vereador Sá Fernandes, do meu ponto de vista, é de mero oportunismo político é uma reacção excessiva, descabida e sem fundamento, tanto mais que ele precisa de ir buscar o argumento do racismo que é manifestamente demagógico", disse Nogueira Pinto à agência Lusa.

A polémica surgiu depois Maria José Nogueira Pinto ter dito ao Expresso que para revitalizar o pequeno comércio tradicional a Câmara Municipal deveria impor uma quota de lojas chinesas e eventualmente criar uma espécie de "Chinatown" noutro local.

Para o BE, a postura de Maria José Nogueira Pinto põe em causa "qualquer possibilidade de ela vir a dirigir a unidade da Baixa-Chiado".

"Não é possível depositar confiança numa pessoa que faz declarações inconstitucionais, ilegais, sugerindo controlar o comércio com base na etnia", justificou o coordenador autárquico do BE, Pedro Soares.

Maria José Nogueira Pinto esclareceu que a ideia de criação de uma "Chinatown" foi já por si apresentada quando era vereadora no anterior mandato e "não faz, nem nunca fez parte do Plano de Revitalização da Baixa-Chiado".

"Tudo isto é sabido pelo vereador Sá Fernandes, que estava lá sentado e conhece muito bem o projecto", disse.

Porém admite que decidiu avançar com a ideia por entender ser "uma hipótese que devia, pelo menos, ser estudada".

"Estou em crer que seria bem acolhida pelos comerciantes chineses e considero muito importante preservar o comércio tradicional em determinadas zonas históricas da cidade", acrescentou.

Segundo Maria José Nogueira Pinto, a posição do BE "pode indiciar um entendimento muito perigoso" relativamente a uma "eventual colaboração" da sua parte com a Câmara Municipal de Lisboa (CML), na sequência do convite que lhe foi dirigido por António Costa.

"Esse entendimento é que por essa colaboração eu vendia a alma, vendia as convicções, vendia as ideias, vendias as opiniões e ficava remetida a um profundo silêncio", precisou.

"Este entendimento é um entendimento muito intolerante que quero que fique bem claro que eu jamais aceitarei", garantiu.

Questionada sobre o possível risco de vir a não desenvolver o projecto, Maria José Nogueira Pinto disse apenas que já falou com o presidente da câmara, mas primeiro tem de dizer ao BE que "nem pensar nesta intolerância. Não se pense que eu vou para e fico calada".

Maria José Nogueira Pinto sublinhou que se trata apenas de uma colaboração por dois anos e que mantém outras actividades, nomeadamente uma coluna num jornal em que emite opiniões, tal como noutros órgãos de comunicação social.

A associação SOS Racismo também contestou as declarações de Maria José Nogueira Pinto, acusando-a de querer promover uma "limpeza étnica" e anunciando posteriormente o envio de uma queixa para a Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial.

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