Mau tempo causa dezenas de inundações e quedas de árvores

O agravamento das condições climatéricas verificado entre a noite de ontem e a madrugada de domingo provocou pelo menos quatro dezenas de inundações em edifícios da capital. Os Bombeiros Sapadores de Lisboa mobilizaram todo o corpo de efectivos para acudir aos pedidos de ajuda.

Carlos Santos Neves, RTP /
Na Avenida Marginal, o mar invadiu a estrada RTP

Dezenas de inundações em edifícios e na via pública, 19 casos de queda de árvores e outros três de chapas soltas em prédios sujeitos a obras fizeram o quadro da última noite em Lisboa.

O vento derrubou quase todos os tapumes das obras em curso na Praça do Comércio.

Segundo um porta-voz do Regimento de Sapadores da cidade, a forte queda de precipitação, associada ao vento, obrigou à mobilização de todos os 200 efectivos dos bombeiros. As operações de socorro mobilizaram, ainda, um total de 49 viaturas.

Imagem de automóvel danificado por queda de árvore em Lisboa

Nenhuma das ocorrências verificadas na capital causou danos pessoais, indicou o porta-voz dos bombeiros citado pela Agência Lusa. Contudo, 12 pessoas ficaram desalojadas.

A Câmara de Lisboa reforçou este fim-de-semana as medidas de prevenção, destacando 500 cantoneiros para a limpeza de sarjetas. Durante a noite foram também reforçados os piquetes da Polícia Municipal.

Corte parcial da Avenida Marginal

Às primeiras horas de domingo, a forte ondulação do mar obrigou as autoridades a interromper parcialmente o trânsito na Avenida Marginal, entre a Torre e Santo Amaro de Oeiras.

O corte na Estrada Nacional 6 foi posto em prática cerca das 2h20. No troço em causa, o mar invadiu as faixas de rodagem, que ficaram cobertas de areia. A limpeza do local foi assegurada por operacionais dos Bombeiros de Oeiras e elementos da Câmara Municipal.

Os condicionamentos pontuais de trânsito alargaram-se a toda a extensão da Avenida Marginal.

Em Oeiras, a precipitação alagou também a estrada conhecida como “sobe e desce”.

Mau tempo afecta Centro e Sul do país

A Protecção Civil alertou ontem para o agravamento do estado do tempo em seis distritos do Centro e do Sul de Portugal Continental.

Na madrugada de domingo, a chuva e o vento forte continuavam a fazer-se sentir nos distritos de Leiria, Santarém, Lisboa, Setúbal, Beja e Faro.

Os distritos de Coimbra e Santarém registaram, respectivamente, 38 e 60 ocorrências de quedas de árvores, que não provocaram danos materiais ou pessoais.

Em Coimbra, a subida das águas do Mondego continuava ontem a fazer estragos. A meio da tarde de sábado, o leito do rio havia baixado entre “80 centímetros a um metro”, de acordo com a Protecção Civil Municipal. Contudo, cerca das 18h00 algumas zonas ribeirinhas permaneciam alagadas.

Imagem do Parque Verde, em Coimbra

Choupalinho, Parque Verde e Praça da Canção foram as zonas mais tocadas pelo aumento do caudal do Mondego, que começou a galgar as margens na sexta-feira.

A subida das águas foi causada não só pela chuva intensa mas também por descargas das barragens da Aguieira e das Fronhas, a par de um aumento no caudal do Rio Ceira.

Durante a tarde de ontem, a zona de esplanadas do Parque Verde permanecia alagada em 15 centímetros de águas fluviais.

Em declarações à Agência Lusa, o responsável pela Protecção Civil Municipal, Serra Constantino, adiantou que aquele serviço chegou mesmo a preparar sacos de areia com o intuito de criar “zonas de protecção para minimizar estragos e permitir que as pessoas tivessem mais tempo para colocar a salvo os seus bens”.

Ainda assim, referiu Serra Constantino, os prejuízos foram “pontuais e mínimos”.

Neve a Norte

No Norte do país, a queda de neve está a obrigar a cuidados redobrados nas estradas.

Os condicionamentos de trânsito estendem-se às auto-estradas 7 e 24, em Vila Real. O cenário repete-se no IP4.

O mesmo acontece com os acessos à Torre, na Serra da Estrela. Em Viseu, as autoridades procederam ao corte da Estrada Nacional 321, entre Castro Daire e Cinfães.

Superfície frontal

Na sexta-feira, o Instituto de Meteorologia avançou com uma previsão de agravamento das condições climatéricas para o fim-de-semana.

Imagem de rua de Lisboa

O território de Portugal Continental está a ser afectado pela passagem de uma superfície frontal com actividade moderada a forte. As previsões para sábado e domingo referiam períodos de forte precipitação e queda de neve acima dos 500 metros. Previa-se, ainda, ventos fortes e agitação marítima.

A Autoridade Nacional de Protecção Civil apelou às populações para que mantivessem os sistemas de escoamento desobstruídos e evitassem o recurso a braseiras em locais fechados.

A situação meteorológica deve melhorar ao longo do dia, embora a Protecção Civil mantenha o aviso amarelo para todo o país.

Contactada pela RTPN, Patrícia Gaspar, adjunta de operações da Protecção Civil, fez o balanço da manhã: “Neste momento, felizmente, e além dos condicionamentos de vias, não temos nenhuma situação mais complicada”.

“Temos a lamentar um morto e dois feridos graves num acidente ocorrido na Estrada Nacional 105, em Guimarães”, adiantou a responsável.
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