Fernando Nobre rejeitado para segunda figura do Estado

por RTP

Fernando Nobre não conseguiu ser eleito para o cargo de presidente da Assembleia da República. Depois de ter tido menos dez votos do que os necessários na primeira volta, o candidato independente apoiado pelo PSD foi alvo de uma segunda votação na qual obteve menos um voto do que primeira. Face aos resultados, Fernando Nobre comunicou a Pedro Passos Coelho que considerava não reunir as condições para se apresentar a uma terceira votação.

Na primeira votação Fernando Nobre tinha obtido apenas 106 dos 116 votos que eram necessários para assegurar a eleição. Cento e um deputados votaram em branco e houve 21 votos nulos num total de 228 votos expressos.

Conforme está estabelecido no Regimento da Assembleia da República procedeu-se, de imediato, a uma segunda votação.

Nesta segunda volta Nobre obteve 105 votos, menos um do que tinha obtido na primeira volta e menos três do que os deputados do PSD hoje presentes na votação (108).

Fernando Nobre retirou a candidatura
Momentos depois, Fernando Nobre anunciou a Pedro Passos Coelho a sua decisão de desistir da candidatura à presidência da Assembleia da República. Nobre disse aos jornalistas que tenciona manter-se como deputado enquanto considerar que tal é útil para o país.

O antigo presidente da AMI foi o primeiro candidato a presidente da Assembleia da República a falhar a eleição duas vezes consecutivas em 35 anos, já que, até agora, as três candidaturas falhadas à primeira volta tinham conseguido um resultado favorável na segunda votação.

Falhada a eleição nas duas primeiras voltas, o Regimento estabelece que seja reaberto o processo de apresentação de candidaturas ao cargo de presidente da Assembleia da República.

PSD apresenta amanhã um novo candidato
O PSD já anunciou que tenciona apresentar, amanhã à tarde, um novo candidato ao cargo de Presidente da Assembleia da República, o qual deverá ser então sujeito a uma nova votação.

A sessão parlamentar de terça-feira terá início às 16h00, já depois da posse do novo Governo, prevista para o meio-dia.

A eleição de hoje decorreu por voto secreto na parte da tarde da primeira sessão plenária da XII legislatura.

Direção do PSD tinha apostado em Nobre
A direção dos social-democratas tinha apostado forte no nome de Fernando Nobre, apesar das reservas manifestadas por várias figuras sonantes do partido.

O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, tinha pedido hoje aos deputados do seu partido para que se “empenhassem fortemente” na eleição do presidente da Assembleia da República, enquanto que Fernando Nobre afirmou esperar que lhe fosse dado “o benefício da dúvida”.

Por seu lado, o ex-líder parlamentar do PSD, Miguel Macedo, que amanhã vai tomar posse como ministro da Administração Interna, considerou que “os portugueses perceberiam mal” se o Parlamento não resolvesse de imediato a situação da eleição do presidente da AR.

Macedo apelou ao voto em Nobre, pedindo concentração para o "que é essencial, que são os problemas do país, portanto quanto mais rapidamente arrumarmos a casa para podermos efetivamente começar a trabalhar melhor. “

CDS tinha anunciado que votaria "em branco"
Com 108 deputados social-democratas no Parlamento, os 116 votos necessários para eleger Fernando Nobre estavam longe de assegurados à partida. O candidato proposto pelo PSD não reunia apoios declarados nos outros partidos, incluindo no CDS-PP, o seu parceiro de coligação.

Hoje mesmo o CDS tinha anunciado que “votaria em branco”, por considerar que Nobre “ não reunia as condições “ para segunda figura do Estado.

“O que ficou deliberado é que o CDS votará em branco, exatamente no cumprimento daquilo que foi a sua avaliação de que a personalidade em causa não reúne as condições que nós achamos necessárias para ser a segunda figura do Estado”, disse aos jornalistas o deputado João Almeida após a reunião do grupo parlamentar centrista.

Do lado do maior partido da oposição tudo indicava que não haveria apoio. A orientação dada pela Secretariado Nacional do PS aos deputados socialistas tinha sido a de votarem contra o candidato do PSD. A porta-voz da primeira reunião da bancada socialista nesta legislatura, a ex-ministra da Saúde, Maria de Belém, afirmou aos jornalistas que havia “um sentimento geral de rejeição” do nome de Fernando Nobre junto dos deputados do PS.
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