"Foi um erro ir para além da troika", diz Mota Amaral

por Nuno Felício

São avisos sérios ao governo, feitos por um notável social democrata. Num artigo de opinião, publicado hoje no jornal Correio do Açores, Mota Amaral diz que Portugal corre o risco de ver alastrar uma verdadeira catástrofe no país, porque os cidadãos estão cada vez mais indignados com os sacrifícios que lhes são pedidos, sem verem resultados práticos.

No artigo «OE2013 - a prova de fogo», o histórico do PSD e antigo presidente da Assembleia da República alerta para as consequências da austeridade e diz mesmo que foi um erro ir para além do que pedia a troika.

"Parece-me ter sido um erro a voluntariosa opção por ir além da Troika, quando a mais elementar prudência — que, como ensinam os clássicos, é a principal virtude requerida aos governantes — aconselhava a ater-se ao conteúdo programático do memorando de entendimento, alargando assim a base parlamentar e social de apoio ao cumprimento do mesmo, tão necessária à estabilidade interna e à credibilidade de Portugal perante o exterior", lê-se no referido artigo de opinião.

Mota Amaral receia que a receita do governo e da troika se repita em 2014 e afirma que os portugueses estão a perder a esperança e estão a cair sistematicamente na falência.

Segundo afirma, "o governo tem vindo a ficar isolado, sem prejuízo do apoio parlamentar assegurado pelos partidos da coligação, perante a crítica generalizada da opinião pública e a crescente indignação dos cidadãos, que não vêm nem finalidade nem fim para os cortes de benefícios e as exacções fiscais a que, em ritmo vertiginoso, são sujeitos(...) Com efeito, a situação geral do País, em vez de melhorar, como o Governo promete e todos desejaríamos, tem vindo a degradar-se e basta ter os olhos abertos para comprovar o alastramento de uma verdadeira catástrofe".

Facilitar despedimentos e despejos só pode aumentar a fratura social, alerta o histórico do PSD.

(Com Marcos Celso)
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