Montenegro levou a Belém a sua disponibilidade para ser indigitado primeiro-ministro

por RTP
Luís Montenegro na reunião em Belém com Marcelo Rebelo de Sousa. À sua direita está Nuno Melo, parceiro na AD. Miguel A. Lopes - Lusa

Luís Montenegro saiu da reunião com o presidente da República depois de manifestar a Marcelo Rebelo de Sousa a "disponibilidade para ser indigitado primeiro-ministro". "Estamos focados nos problemas dos portugueses", declarou o líder do PSD à saída da audiência em Belém, onde foi recebido pelo presidente da República no âmbito das eleições legislativas de 10 de março, assegurando que mantém a motivação manifestada durante a campanha eleitoral.

O líder do PSD e da AD (PSD/CDS-PP/PPM) esteve esta tarde reunido com o presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, numa audiência em que se fez acompanhar por Hugo Soares, secretário-geral dos social-democratas, e Nuno Melo, presidente do CDS-PP, parceiro da coligação nestas eleições. Ausente do encontro esteve Gonçalo da Câmara Pereira, o presidente do PPM, também parceiro na AD.

Luís Montenegro disse ter transmitido ao presidente da República, em nome da Aliança Democrática (AD), “a disponibilidade desta coligação em assumir a liderança do governo e, em consequência, poder ser indigitado primeiro-ministro”.

“Tive ocasião de transmitir ao presidente da República que a nossa motivação é exatamente a mesma que denotámos na campanha eleitoral. Estamos focados nos problemas dos portugueses. Estamos focados na vida de cada cidadão que vive e trabalha em Portugal”, declarou o presidente do PSD.
 
O chefe da AD anunciou que na coligação “estamos absolutamente empenhados em, respeitando a vontade do povo português, expressa de forma livre e democrática, promover uma mudança de governo, de primeiro-ministro e de políticas em Portugal”.

“Estamos absolutamente concentrados em ter uma economia mais forte com um percurso de crescimento duradouro que permita melhores salários e que por via disso a classe média possa ficar mais desafogada e os nossos jovens tenham esperança de connosco construir o futuro do nosso país”, acrescentou Montenegro, assinalando o desejo de que com as suas políticas “os principais serviços públicos possam dar as respostas que hoje falham aos portugueses na saúde na habitação e na educação”.

“Com base na escolha dos resultados eleitorais é minha expectativa que o líder da AD possa ser indigitado para formar governo”, disse.

Questionado pelos jornalistas, Luís Montenegro escusou-se a esclarecer sobre a possibilidade de a IL vir também a integrar o executivo ou sobre a eventual apresentação de um Orçamento Retificativo: “As questões que tiverem a ver com o exercício da atividade do governo serão tomadas, comunicadas e explicadas quando houver governo”.

Relativamente à composição do futuro executivo, Montenegro disse que “a maior representação parlamentar que há na Assembleia da República que assumirá funções é da AD. Há uma maioria, relativa, não absoluta. Essa maioria é constituída pelos deputados do PSD e do CDS-PP, é com base nessa maioria, se for esse o entendimento do Presidente da República, que apresentaremos o nosso Governo”.

Mal terminou esta reunião, que durou cerca de uma hora e 40 minutos, a assessoria da Presidência da República informou que "poderá haver uma nova audiência" ainda hoje ao presidente do PSD e líder da AD, Luís Montenegro, depois de apurados os resultados dos votos da emigração.

Entretanto, a Presidência fez saber já depois destas declarações que “poderá haver nova audiência” com Luís Montenegro ainda hoje, após estarem apurados em definitivo os resultados dos votos da emigração.

Repto de Pedro Nuno Santos sobre polícia e professores ficou sem resposta

O presidente do PSD disse ter registado "com satisfação o sentido de responsabilidade" manifestado por Pedro Nuno Santos ontem à saída da audiência com Marcelo Rebelo de Sousa, mas adiou uma resposta ao repto do novo líder do PS para negociar um Orçamento Retificativo que permitisse responder aos anseios dos professores e das polícias.

"Tudo o mais, a concretização do que quer que seja, caberá ao Governo que ainda não existe, quando existir dará essa resposta a todas as comunicações que foram proferidas", respondeu Montenegro.

Ontem, após a reunião na residência oficial com Marcelo Rebelo de Sousa, o novo secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, mostrou-se disponível para viabilizar um Orçamento Retificativo que permita implementar as medidas necessárias para resolver as questões que afetam as forças de segurança e os professores, além de outros problemas na administração pública, e que foram entretanto prometidas por ambos os partidos durante a campanha eleitoral.

Afastou, por outro lado, a possibilidade de vir a aprovar um Orçamento do Estado. Diz que a distância entre os dois partidos torna esse cenário "praticamente impossível", já que "um orçamento geral do Estado é uma declinação dos programas eleitorais e os programas dos partidos são muito diferentes. O próprio líder da AD disse numa entrevista durante a campanha que a distância do programa do PS para com a AD era tanta que não se via a viabilizar um programa do Partido Socialista - e nós achamos o mesmo".
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