O tratado que remodelou o centro da europa: do Eliseu a Aachen

por Daniela Ferreira Pinto - RTP

França e Alemanha selaram a amizade em 1963 num documento com menos de seis páginas. Depois de quase um século de conflito, da guerra Franco-Prussiana à Segunda Guerra Munidal, Konrad Adenauer e Charles de Gaulle puseram fim à rivalidade.

Em Janeiro de 2019 o presidente francês Emanuel Macron e a chanceler Alemã Angela Merkel decidiram renovar o acordo. A embaixada francesa em Portugal celebrou a ocasião com um encontro entre jornalistas e os embaixadores dos dois países.



O que é o Tratado do Eliseu?

Assinado a 22 de Janeiro de 1963, o Tratado do Eliseu deu início à reconciliação entre franceses e alemães. Estabeleceu um compromisso a longo prazo e implementou uma cooperação sistemática. Jean-Michel Casa, embaixador francês, considera-o “um dos motores para a integração europeia” enquadrado num “processo inclusivo, comum”.
A reaproximação franco-alemã começou a ser feita, aos poucos, no contexto da integração europeia. Em 1951 surge a Comunidade Europeia do Carvão e o Aço, seis anos mais tarde assina-se o Tratado de Roma, que estabelece o caminho para o mercado comum e a unificação política. Com Konrad Adenauer perto do fim de carreira, os dois líderes europeus quiseram selar um compromisso duradouro.

Porque quiseram Merkel e Macron renovar o Tratado?

Novos desafios europeus exigem novas posições políticas. É este o pressuposto para o acordo assinado em Aachen em Janeiro de 2019, de acordo com Christoph Weil, embaixador alemão. O Brexit, o nacionalismo, o populismo, a desinformação. São razões para "manifestações de união" num acordo que "não é exclusivo" mas sim "um modelo para outros países seguirem o caminho de maior integração".

Em que consta o novo acordo?

O documento realça a cooperação económica e na defesa como as prioridades da relação franco-alemã. Em termos práticos traduz-se, por exemplo num fundo comum para investigação científica, no Fórum para o Futuro ou na presença de membros do governo estrangeiro nas reuniões nacionais, bem como a defesa mútua em caso de agressão.
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