Gente de Paz
A Última Imagem de Camões
A partir de algumas cartas que lhe chegaram, José Hermano Saraiva fala neste programa do único retrato fidedigno de Camões e também das várias representações, imaginárias, daquele que é considerado o nosso principal poeta.
É o próprio Luís de Camões a referir que em vida só lhe pintaram um retrato. Menciona-o num poema em que de certo modo se autoflagela, considerando-se feito. A partir desse poema e das pesquisas que fez, José Hermano Saraiva considera que o único retrato fidedigno é o que foi pintado por Fernando Gomes, o tal que se apresenta meio rasgado.
Mas fala também de outras representações de Camões, mencionando nomeadamente o defeito que tinha num dos olhos e que lhe daria umas feições distorcidas.
Mas o programa centra-se sobretudo numa escultura feita por um oleiro popular, Carlos Gonçalves, que, a partir das descrições de um Camões na decrepitude, esculpiu uma estátua pungente de um poeta pobre e semi - vagabundo que vende os seus poemas nas ruas de Lisboa a quem os quiser comprar.
A escultura mostra-nos um homem velho, curvado, meio cego; no fundo um símbolo dos portugueses de Quinhentos que partiam nas caravelas enfrentando as tormentas e a morte e que pouco ou nada obtinham do seu esforço. Em certa medida um símbolo de todos nós, portugueses, que por aqui andamos a penar e que por vezes tão pouco obtemos em troca do nosso esforço e dedicação.
Ficha Técnica
- Título Original
- Gente de Paz
- Intérpretes
- José Hermano Saraiva
- Autoria
- José Hermano Saraiva
- Ano
- 1979
- Duração
- 30 minutos
- Série
- 2