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Crónica do Século

O Marcelismo e a crise do Regime (1969 - 1974)

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O Marcelismo e a crise do Regime (1969 - 1974)

Episódio 10 de 13 Duração: 50 min

Este episódio é sobre a sucessão de Salazar e também a história do homem que lhe toma o lugar . Marcello Caetano, o reputado professor de direito , o reitor que enfrentara o regime durante a crise académica de 1961, tinha outras ideias sobre a evolução de Portugal. Nunca aceitou a tese segundo a qual a separação das colónias implicaria a "morte da Pátria". Teve a coragem de o dizer a Salazar, a quem chegou mesmo a apresentar uma solução de tipo federal para o império. Chamou-lhe os " Estados Unidos Portugueses".
Com fama de reformador , foram precisas muitas garantias para que a "ala dura" do regime aceitasse que o então presidente Thomaz , nomeasse Marcello Caetano como sucessor de Salazar. Essas garantias implicavam a manutenção do império, ou seja, a continuação da guerra. A primeira fase do marcelismo foi de alguma abertura, o que levou milhões de portugueses a acreditarem que o regime se poderia transformar por dentro , levando ao fim da ditadura. Mas esse primeiro tempo , a " Primavera Marcelista" , pouco durou. O regime continuou a ser de partido único, com liberdades cívicas cerceadas; a polícia política mudou de nome mas manteve-se igual a si própria; a censura à comunicação social, ao cinema, teatro e artes em geral permaneceu. Tal como no tempo de Salazar, os resultados eleitorais eram manipulados.
O maior problema do regime de Marcello Caetano, que vai condicionar toda a sua política e estratégia, é o do Ultramar . À data , este problema já era inseparável da questão da guerra, que Portugal poderia , no plano militar , manter , mas dificilmente vencer . Na Guiné, o exército português sofre graves revezes e um dos mais prestigiados generais portugueses, António de Spínola, enceta negociações com o PAIGC,através do presidente do Senegal, Leopold Senghor .Acaba por se incompatibilizar com Marcello Caetano e escrever um livro , "Portugal e o Futuro" que, em síntese, dava às tropas a ideia de que, por aquela guerra, não valia a pena combater . Um dos mais fortes pilares do regime, as forças armadas, tinha sido definitivamente abalado.
Neste episódio, Silva Cunha,então ministro da Defesa, e Rui Patrício, então ministro dos Estrangeiros, revelam, pela primeira vez, que Marcello Caetano mantinha, desde 71, um canal permanente de negociação com o PAIGC - algo que Caetano nunca admitiu publicamente . Aliás, sempre afirmou que não ficaria na história como o responsável pelo processo de descolonização. Marcelo Caetano acabaria por ser deposto por um golpe militar. Obrigado ao exílio, viu de longe o fim do império.Morreu no Brasil, a escrever a " História do Direito Português".
Jornalista: Márcia Rodrigues Consultor Científico: Professor Doutor Fernando Rosas

Ficha Técnica

Título Original
Crónica do Século
Intérpretes
Locução de Jorge Moreira, Eugénio Côrte-Real
Produção
Ana Pitas, Alice Milheiro
Autoria
Margarida Metello
Música
Ramón Galarza
Ano
1999
Duração
50 minutos
Série
1