Novo cimento ósseo poderá tratar lesões nas vértebras

por RTP
Investigadora Paula Torres, do Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica da UA Universidade de Aveiro

Um novo tipo de cimento foi desenvolvido para ajudar pacientes que sofram fraturas nas vértebras. O estudo de Paula Torres, investigadora do Departamento de Engenharia de Materiais e Cerâmica da Universidade de Aveiro, poderá contribuir para o tratamento de doenças ósseas comuns entre a população envelhecida, tais como a osteoporose, osteomielite e tumores malignos.

De acordo com Paula Torres, o material que começou a ser desenvolvido há cinco anos no âmbito da sua tese de doutoramento é um cimento à base de fosfatos de cálcio (que constituem a parte mineral do osso e são normalmente usados para preencher cavidades ósseas e dentárias) que são reabsorvíveis depois de introduzidos no corpo.

A este componente são adicionados iões como o estrôncio e o manganês, que permitem melhorar o desempenho biológico e atrasar a velocidade a que o cimento solidifica. A sucrose é outro dos componentes que, adicionado em pequena quantidade, ajuda ao endurecimento do cimento ósseo e melhora as propriedades mecânicas do mesmo.

Wikimedia Commons

Este cimento funciona como um substituo ósseo: ao ser injetado, preenche o interior do osso quando este tem alguma fratura. Começa a endurecer ao fim de cerca de nove minutos e a partir desse momento enrijece progressivamente. À medida que se vai dissolvendo (quando é reabsorvido pelo nosso corpo) faz com que o osso se regenere mais rapidamente e, ao fim de um certo tempo, o cimento desaparece.
Em comparação com os cimentos ósseos já existentes, o desenvolvido na Universidade de Aveiro aproxima-se mais da composição do osso.
Atualmente são usados cimentos acrílicos inertes e não reabsorvíveis - ou seja, após colocados ficam para sempre. Os cimentos ósseos já existentes possuem ainda outras limitações, como as propriedades mecânicas frágeis e a maior dificuldade de injeção, sendo que as agulhas entopem com frequência.

Segundo Paula Torres, este problema foi contornado através de “uma diminuição da porosidade do cimento”, sendo que aqueles à base do fosfato mineral brushite “têm uma taxa de reabsorção mais rápida que os cimentos à base de apatite” atualmente utilizados. O cimento de brushite co-dopado com manganês (Mn) e estrôncio (Sr) gera “propriedades gerais muito promissoras”.

Nevit Dilmen - Wikimedia Commons

A vertebroplastia – injeção de cimento ósseo para tratar fraturas nas vértebras – é “o procedimento cirúrgico minimamente invasivo mais exigente” no que diz respeito às propriedades mecânicas, pelo que “esta eventual aplicação foi encarada como um grande desafio não necessariamente alcançável, mas mantido como uma motivação inspiradora para maximizar resultados”.

O próximo passo da investigação será a realização de testes in vivo em animais de porte médio como cabras ou porcos, por serem aqueles cuja anatomia mais se assemelha à dos humanos. Para tal são necessários recursos financeiros que ainda devem ser negociados, não sendo possível definir uma data para o início dos testes.

Brian Snyder - Wikimedia Commons
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