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Por que há mudança para horário de inverno?

por Inês Geraldo - RTP
Relógios já estão no Standard Time, horário de inverno Alexander Demianchuk - Reuters

Esta noite às duas da madrugada, os relógios foram atrasados uma hora para a uma da manhã, havendo a mudança de horário de verão para o inverno. Mas porque é que que este fenómeno acontece? A ideia surgiu em 1784 e dá pelo nome de ‘Daylight Saving Time’.

Benjamin Franklin foi o percursor desta ideia, em 1784. Na altura, o objetivo era poupar velas e só em 1916 se voltaria a falar numa mudança de horário para poupança de energia (carvão).

Agora seria a vez de William Willett, britânico, que em 1907 queria que as pessoas não desperdiçassem horas de luz durantes as manhãs. Para isso, publicou um panfleto denominado The Waste of Daylihghts (O Desperdício de luz diurna) para as pessoas saírem mais cedo da cama.

Para o britânico a mudança da hora devia ser avançada em 80 minutos, em quatro passos distintos, no mês de abril, e a reversão deveria ser feita em setembro.

No entanto, a ideia não foi bem aceite e até ao fim da sua vida Willett tentaria convencer a sociedade de que o seu esquema de mudança de hora seria o mais acertado. Morreria em 1915, sem conseguir ver o seu projeto aprovado.
Para que serve o ‘Daylight Saving Time’?
Com o começo da I Guerra Mundial, a Alemanha foi o primeiro país a adaptar o seu horário. Quase dois anos depois do começo do confronto bélico, no dia 30 de abril de 1916, os germânicos foram os primeiros a mudar as horas e foram logo seguidos pela Grã-Bretanha, país de onde era originário William Willett.



A intenção da adoção do Daylight Saving Time aconteceu para se poder poupar as economias aos transtornos da guerra e o Summer Time Act foi logo aprovado pelo Parlamento britânico, tendo-se tornado num acontecimento vastamente mediático.Com as tecnologias que possuíam na altura, os relógios não podiam ser atrasados uma hora pois assim ficariam estragados com mecanismos partidos e a solução foi avançar 11 horas, quando o tempo de verão tinha acabado.

O esquema foi aceite e os seus percursores argumentaram que realizar este tipo de medida ajudava a reduzir o consumo de carvão e aumentar os recursos e os esforços realizados durante a I Grande Guerra Mundial.

Mas já em 1895 George Vernon Hudson, um neozelandês, havia criado um programa que desse para tirar o melhor partida da luz diurna, tendo o seu projeto sido aprovado em 1927, ou seja, mais de 30 anos depois.
Alvo de chacota em Espanha
Já depois da I Guerra Mundial, vários países aderiram ao chamado horário de verão, começando pela Alemanha, Império Austro-húngaro, sendo, logo depois, seguidos pelo Reino Unido e pela França. Todos estes países estavam intimamente envolvidos na guerra.Em Espanha, por exemplo, o Daylight Saving Time só foi adotado em 1918, o ano em que acabou a guerra.

Foi nessa altura (1918) que a família real espanhola decidiu seguir a mudança de hora e a mesma não foi bem vista por terras de nuestros hermanos.

Desde logo, com muitas fábricas a fechar e com poucos recursos para manufatura e produção de pão. Com o intuito de poupar, a 15 de abril de 1918, é mudada a hora em Espanha e a imprensa não demorou a ridicularizar a situação.

Um dos fatores mais satirizados foi o facto de os vendedores de relógios de Sol virem a ter problemas. Muitas vezes, quando alguém perguntava pelas horas, era normal ouvir sempre a mesma questão: “a hora oficial ou a outra?”.
Uniformização na década de 70

Depois de terminada a guerra em 1918, vários foram os países que deixaram cair o horário de verão. No entanto, em 1939, a II Guerra Mundial voltaria a trazer este horário para várias nações.

Tornou-se moda usar estas mudanças de horário tendo em conta os confrontos bélicos existentes.

Só na década de 70 é que o Daylight Saving Time foi uniformizado, principalmente em 1974, quando os Estados Unidos e vários países europeus foram confrontados por um embargo no petróleo, depois da crise energética de 1973.

Nos EUA, por exemplo, houve limitações ao consumo de gasolina e à velocidade a que se ia nas autoestradas, para, mais uma vez, haver poupança de recursos, tal como havia acontecido em 1916.
Razões para continuar
Para muitos apoiantes do horário de verão são dadas várias razões para que não se acabe com o mesmo.

De acordo com especialistas, este horário reduz o número de acidentes no trânsito, poupa energia, aumenta exponencialmente o turismo, o crime diminui e as pessoas são tentadas a fazer mais exercício.
Também são previstos os riscos de mudar os horários para a saúde.
De acordo com um estudo realizado em 2012, logo após a mudança para a hora de verão (ou seja, menos uma hora para dormir) deram-se mais mortes por ataques cardíacos e suicídios.

Especialistas explicam que se deve à privação de sono. Com menos uma hora numa dormida, o stress aumenta dando azo a que mais ataques cardíacos aconteçam.

Agora, só em março é que haverá nova mudança: para o horário de verão. Por agora, o horário de inverno, ou o chamado Standard Time, está para durar.
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