Sonda LISA Pathfinder vai estudar ondas gravíticas perto do Sol

por Nuno Patrício - RTP
A sonda europeia LISA Pathfinder Foto: ESA/ATG medialab/DR

Vai ser bem perto do Sol, ao cabo de uma viagem de 180 dias, que a sonda europeia LISA Pathfinder estudará as ondas gravitacionais previstas por Albert Einstein na teoria da relatividade. Trata-se de um fenómeno que pode ajudar a perceber, por exemplo, a criação de buracos negros.

É já este sábado que se realiza o ensaio geral para o lançamento de mais uma obra-prima da tecnologia espacial: a missão LISA Pathfinder.

A missão da Agência Espacial europeia (ESA) consiste na colocação no espaço de um conjunto de instrumentos que, pela primeira vez, vão medir as ondas gravitacionais cósmicas de baixa frequência. Desde logo apurar a sua interferência em objetos no espaço e longe dos efeitos gravíticos e electromagnéticos terrestres.LISA significa Laser Interferometry Space Antenna.

A sonda irá viajar no espaço durante 180 dias até chegar ao local previsto, relativamente perto do Sol.


"LISA Pathfinder é uma missão complexa", refere o coordenador de voo Andreas Rudolph.

"Mesmo depois de colocar a carga em segurança no espaço, teremos de fazer a ignição de sete ou oito propulsores de que a cápsula de transporte dispõe,  durante os primeiros dez dias, de forma a levar a sonda pelo meio dos vários cinturões de radiação que circundam a Terra e, é claro, a juntar a tudo isto colocar a sonda na trajetória correta".



A sonda irá viajar no espaço durante 180 dias até chegar ao local previsto,  relativamente perto do Sol, onde ficará a analisar e a enviar para a Terra os dados programados da missão.

O veículo espacial da ESA terá de atingir, primeiro, um ponto no espaço classificado como L1 - local que vai determinar se tudo foi feito conforme o planeado e se a sonda está no caminho certo.

"Não chegamos ao ponto L1 até final de janeiro", explica Andreas Rudolph no site da ESA. "Até lá as equipas vão estar continuamente a trabalhar para garantir que as ignições foram feitas conforme o planeado, que nossa navegação está correta e assegurar que os instrumentos e sistemas de voo estão a funcionar normalmente", acrescenta.


LISA Pathfinder, uma missão especial
Mas em que consiste realmente a LISA Pathfinder? A missão vai testar, em voo, o conceito de deteção de ondas gravitacionais de baixa frequência, que na Terra e dentro da cintura de Van Hallen, mesmo no espaço, não é possível de realizar.As ondas gravitacionais são ondulações no espaço-tempo previstas pela teoria da relatividade geral.

Com a sonda LISA Pathfinder, da ESA, será testada pela primeira vez uma tecnologia que vai permitir medir e detetar ondas gravitacionais no espaço previstas pela teoria da relatividade geral, de Albert Einstein.

A deteção de ondas gravitacionais será de extrema utilidade para melhorar o nosso conhecimento da relatividade geral. Em concreto, vai permitir à comunidade científica observar o impacto de eventos astronómicos que se julgam associados à criação de distorções minúsculas sobre o tecido do próprio espaço.



A sonda europeia vai colocar dois objetos volumosos e pesados, de teste, numa queda gravitacional quase perfeita. Através da sua deslocação no espaço, vai controlar e medir o movimento daqueles objetos com uma precisão sem precedentes.

Para o fazer, a LISA usará sensores inerciais e sistemas de metrologia do laser, de controlo arrastar-livre e de micro-propulsão de grande precisão.
Um método completamente diferente

Praticamente todo o nosso conhecimento sobre o universo é baseado na observação das ondas eletromagnéticas, tais como: a luz visível, infravermelho, ultravioleta, radio, raios x e raios gama.

O que esta missão vai dar a conhecer é a forma de como elas ocorrem longe das interferências terrestres, esperando os cientistas encontrar uma outra forma de observar o universo.



Com a deteção de ondas gravitacionais e análise comportamental dos objetos face a este fenómeno, os astrofísicos vão poder estudar e tentar responder a algumas das questões mais fundamentais, tais como a natureza do binário de buracos negros e respetivas fusões, que estão entre os eventos mais poderosos do universo.
Lançamento

Se tudo correr como previsto, o foguete Vega vai descolar a 2 de dezembro, pelas 4h15 GMT, da plataforma espacial europeia de Kourou, na Guiana Francesa, para uma viagem inicial de 105 minutos que colocará a sonda em órbita terrestre.



A sonda europeia vai separar a fase final cerca das 6h00 GMT, momentos antes de transmitir os primeiros sinais para a Terra.

Para os engenheiros do centro de controlo ESOC da ESA, em Darmstadt, na Alemanha, a separação é um momento crucial, definindo a sua posição face ao posterior lançamento (efeito fisga) em direção ao Sol, onde terminará a missão. A cerca de 1,5 milhões de quilómetros da Terra.

Saiba mais em Lisa Pathfinder mission.
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