"Os livros não têm idade" é um encontro em Lisboa sobre o livro para a infância

por Lusa

Lisboa, 19 nov (Lusa) - O mercado do livro ilustrado para crianças está diferente, com mais qualidade e diversidade, afirmou à Lusa o investigador Pedro Moura, na véspera de abertura, em Lisboa, da iniciativa "Os livros não têm idade - Um passeio ilustrado pela infância".

De sexta-feira a domingo, no Espaço Rua das Gaivotas 6, será possível ver e ler alguma dessa literatura e ilustração para a infância e ouvir alguns dos protagonistas - editores, ilustradores, escritores - dessa mudança que o setor tem registado nos últimos anos.

"Os livros não têm idade -- um passeio ilustrado pela infância" foi o nome escolhido para a quinta edição dos encontros "O que um livro pode", com uma exposição de ilustradores portugueses, uma feira do livro, ateliers para crianças, debates e apresentações livreiras.

A exposição, "Rodapé", contará com trabalhos de 15 ilustradores portugueses e tentará "mostrar a maior diversidade possível de gerações, estilos e tipos de livros, do `picture book` à literatura ilustrada, do livro brinquedo ao livro para adolescente", contou Pedro Moura, responsável pela escolha.

Ana Biscaia, João Fazenda, Catarina Sobral, André Letria, Susa Monteiro e Madalena Matoso são alguns dos ilustradores selecionados para "Rodapé".

Haverá ainda quatro mesas de ateliers para as crianças manipularem materiais para a criação de ilustrações, uma feira do livro com a presença de mais de uma dezena de editoras, curtas apresentações de recentes edições portuguesas, o lançamento de um livro de Gonçalo M. Tavares e um debate sobre processos de trabalho editorial.

Este "passeio ilustrado pela infância" é um "momento para pensar a produção de livros para crianças em Portugal, para pensar o objeto livro", referiu à Lusa Filipa Valadares, da organização.

Pedro Moura e Filipa Valadares são concordantes: O mercado livreiro português, neste segmento, tem uma maior oferta e melhor qualidade, ao nível da escrita, da ilustração e do trabalho gráfico.

"Os ilustradores tomaram as rédeas do trabalho quando perceberam que não estavam a conseguir conquistar o seu espaço individual - e por isso apareceram mais editoras - e há uma nova geração de escritores que tem uma sensibilidade visual mais cuidada", afirmou o investigador.

Pedro Moura alerta que há editores que são meros "publicadores", sem "cultura visual", mas que ainda assim há um maior equilíbrio entre a narrativa escrita e a narrativa visual de um livro e que há uma preocupação em envolver não só o público leitor mais novo como também o adulto.

"Se os pais se preocupam com o que as crianças vestem ou com o que comem, porque é que não se preocupam também com o que leem? Muitos dos autores dessa nova geração - a Isabel Minhós Martins é um bom exemplo - têm essa preocupação de confrontar os adultos", referiu Pedro Moura.

Ao longo de três dias, estas iniciativas estarão focadas na produção portuguesa, mas, em março, este encontro "O que um livro pode" centrar-se-á no livro ilustrado publicado no estrangeiro.

"Os livros não têm idade -- um passeio ilustrado pela infância" é organizado pela Oficina do Cego, GHOST Editions, TIPO.PT e STET - Livros e fotografias, e acontecerá no Espaço Rua das Gaivotas 6, uma antiga escola recentemente reconvertida num espaço cultural, pelo Teatro Praga.

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