Buscas no Banco Carregosa estão relacionadas com processo "Rota do Atlântico"

por Lusa

Lisboa, 11 fev (Lusa) - As buscas hoje ao Banco Carregosa, no Porto, estão relacionadas com a investigação judicial no âmbito da operação `Rota do Atlântico`, que envolve os empresários José Veiga e Paulo Santana Lopes, segundo a Procuradoria-Geral da República.

"Confirma-se a realização de buscas, no Porto, no âmbito da designada `Operação Rota do Atlântico`", respondeu a PGR a uma pergunta enviada pela agência Lusa.

Uma outra fonte disse à Lusa que as buscas à sede do Banco Carregosa foram efetuadas por elementos do Ministério Público e da Polícia Judiciária e autorizadas pelo juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal.

Fonte oficial do banco tinha confirmado anteriormente à Lusa a realização das buscas, dizendo apenas que estas visaram recolher informações sobre um cliente da instituição.

"Uma equipa de investigadores do Ministério Público e da Polícia Judiciária apresentou-se hoje no banco com um pedido de informação sobre determinada personalidade que é cliente", disse uma responsável da instituição bancária, especificando que, como as autoridades se fizeram acompanhar de um mandado de um juiz para o efeito, foram-lhes transmitidas as informações solicitadas.

Nas declarações à Lusa, a fonte adiantou que "a informação recolhida não é sobre o Banco Carregosa, mas sim sobre um cliente", invocando a questão do sigilo bancário para não revelar a identidade da pessoa em causa.

O Jornal de Notícias (JN) avançou hoje à tarde que estas buscas estão associadas ao caso José Veiga, um processo com indícios de lavagem de dinheiro, corrupção, entre outros crimes.

"As buscas estiveram a cargo da Unidade Nacional de Combate à Corrupção, da PJ, e incidem sobre negócios internacionais associados ao petróleo, mercado imobiliário, mercado financeiro e compra do Banco Internacional de Cabo Verde, um participado do Novo Banco", lê-se na notícia do JN.

O empresário José Veiga foi detido na quarta-feira, assim como os advogados Paulo Santana Lopes e Maria Barbosa. Depois do primeiro interrogatório judicial pelo juiz Carlos Alexandre, o antigo empresário de futebol José Veiga ficou em prisão preventiva, enquanto o seu sócio e empresário Paulo Santana Lopes ficou sujeito a prisão domiciliária a troco de uma caução de um milhão de euros e a advogada Maria Barbosa com Termo de Identidade e Residência.

No âmbito de um inquérito, dirigido pelo Ministério Público do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), realizaram-se várias diligências, designadamente cerca de três dezenas de buscas a domicílios e sedes de empresas, a uma instituição bancária e a três escritórios de advogados.

Os detidos, alegadamente celebravam contratos de fornecimento de bens e serviços relacionados com obras públicas, construção civil e venda de produtos petrolíferos, entre diversas entidades privadas e estatais.

Os proventos gerados com esta atividade eram utilizados na aquisição de imóveis, veículos de gama alta, sociedades não residentes e outros negócios, utilizando, para o efeito, pessoas com conhecimentos especiais e colocadas em lugares privilegiados, ocultando a origem do dinheiro e integrando-o na atividade económica lícita, acrescenta o documento.

Na operação foram ainda apreendidos vários imóveis, viaturas de alta gama e saldos bancários.

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