Cavaco admite "alguns efeitos" da crise do Grupo Espírito Santo na economia


O Presidente da República falou esta segunda-feira, pela primeira vez, sobre o abalo com epicentro no Grupo Espírito Santo, para admitir que este caso pode ter “alguns efeitos” na “economia real”. Impactos, minimizou Cavaco Silva, que “não vêm do lado” do BES. A partir da capital da Coreia do Sul, no cair do pano sobre uma visita de dois dias àquele país asiático, o Chefe de Estado teceu também elogios à atuação do Banco de Portugal. Desde logo às sucessivas garantias de que haverá “folgas de capital mais do que suficientes” no Banco Espírito Santo.

RTP /
“Haverá sempre alguns efeitos, mas penso que não vêm do lado do banco”, respondeu Cavaco Silva, quando questionado sobre o impacto da crise no Grupo Espírito Santo José Manuel Ribeiro, Reuters

“O Banco de Portugal tem sido perentório, categórico, a afirmar que os portugueses podem confiar no Banco Espírito Santo, dado que as folgas de capital são mais do que suficientes para cobrir a exposição que o banco tem à parte não financeira, mesmo na situação mais adversa”, frisou Aníbal Cavaco Silva em Seul, depois de questionado pelos jornalistas.
Em Seul, Cavaco Silva manifestou a convicção de que os efeitos económicos do caso do Grupo Espírito Santo não terão “significado de monta”.


O Presidente deixou, depois, um elogio ao supervisor português: “Com a informação que tenho do próprio Banco de Portugal, considero que a atuação por parte do governador tem sido muito, muito correta”.

Ainda segundo Cavaco, “como autoridade de supervisão”, o Banco de Portugal “tem vindo a atuar muito bem” para “preservar a estabilidade e a solidez” do sistema financeiro do país.



Já quanto a eventuais reflexos da crise do Grupo Espírito Santo na economia portuguesa, Cavaco mostrou-se mais cauteloso: “Haverá sempre alguns efeitos, mas eu penso que não vêm do lado do banco, vêm da área não financeira”.

“Se alguns cidadãos, alguns investidores, vierem a suportar perdas significativas, podem adiar decisões de investimento, ou mesmo alguns deles podem vir a encontrar-se em dificuldades muito fortes. Por isso, não podemos ignorar que algum efeito pode vir para a economia real. Por exemplo, em relação àqueles que fizeram aplicações em partes internacionais do grupo, que estão separadas do próprio banco em Portugal”, admitiu o Presidente da República.
Aconselhamento especializado
Cavaco Silva adiantou também ter sido questionado sobre o caso do BES durante um encontro com um jornalista em Seul, acrescentando que terá logrado explicar a diferença entre as áreas financeira e não financeira do Grupo Espírito Santo.

“Mesmo em Portugal há alguma confusão entre estas duas áreas”, afirmou o Chefe de Estado.


Foto: Rafael Marchante, Reuters

Esta posição de Cavaco Silva é conhecida no dia em que a comissão executiva do BES comunicou à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários a contratação de uma entidade financeira internacional como conselheira especializada, remetendo para mais tarde a divulgação do nome.

No texto remetido ao regulador, o banco agora liderado por Vítor Bento indica que esta decisão visa “avaliar as oportunidades de melhorar a estrutura do seu balanço, com vista à sua otimização”.
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