Cientistas alemães avisam que exploração de comustíveis fósseis ameaça vida nos oceanos

por Lusa

Lisboa, 11 ago (Lusa) -- Cientistas alemães concluíram que é urgente acabar com o consumo de combustíveis fósseis para salvar os oceanos da acumulação de dióxido de carbono ou "uma catástrofe de extinção em massa poderá acontecer", afirmou à Lusa a investigadora principal.

"A remoção de dióxido de carbono (CO2) da atmosfera de forma artificial conforme vem sendo proposto não salvará os oceanos caso prossigamos com os hábitos atuais de mineração e perfuração para obter carvão, petróleo e gás", disse à Lusa Sabine Mathesius, do Centro de Pesquisa Oceânica Helmholtz GEOMAR, da cidade de Kiel, na Alemanha.

A água dos oceanos, que absorve dióxido de carbono a um nível sem precedentes, está a ficar mais ácida do que alguma vez esteve nos últimos 300 milhões de anos, o que poderá precipitar a extinção em massa de espécies marinhas, alertou.

Como as medidas de redução artificial de dióxido de carbono "nunca antes foram testadas na sua eficácia", os investigadores desenvolveram um programa informático para o fazer, considerando um cenário até 2150.

"A remoção de CO2 permitiria potencialmente à atmosfera voltar aos níveis de concentração de gases de efeito estufa da era pré-industrial, mas não salvaria os oceanos", concluíram os investigadores.

Mesmo retirando enormes quantidades de CO2 da atmosfera "não ajudaria muito o oceano profundo, pelo que não há qualquer justificação para continuar a adiar a redução das emissões de CO2", afirmou a cientista que é também investigadora do Instituto de Pesquisa para Impactos Climáticos (PIK na sigla alemã), em Potsdam.

As emissões de gases de efeito estufa, provenientes da ação humana, são absorvidas em cerca de 25 por cento pelos oceanos, o que "não só causa o rápido aquecimento dos mares, mas também a acidificação dos oceanos a uma velocidade sem precedentes".

Essas alterações interferem no metabolismo de vários grupos de organismos como corais, esponjas, moluscos com conchas, crustáceos e entre outros.

"O transporte dos nutrientes [fitoplâncton, a base da cadeia alimentar marinha] das profundezas para a superfície fica bastante impossibilitada" sublinhou a investigadora alemã, acrescentando que a longo prazo "isso irá ameaçar as formas de vida marinhas de muitas espécies, pondo em causa a biodiversidade e as intricadas cadeias alimentares".

Há 65 milhões de anos "a acidificação dos oceanos foi um dos principais motores de extinções marinhas", salientou.

Por isso, é possível que aconteça um "episódio de extinção em massa", insistiu.

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