Corte de custos para pôr a Caixa Geral de Depósitos a dar lucro

por Cristina Sambado - RTP
Rafael Marchante - Reuters

O plano para recuperar a CGD passa sobretudo pelos cortes nos custos, além dos gastos com pessoal e fornecedores, noticia esta quarta-feira o Negócios. O banco vai continuar a reduzir a remuneração dos depósitos e vender as unidades no exterior. Este ano, as perdas chegam aos três mil milhões de euros. Para 2020, o último ano de execução do plano, está previsto um lucro de 670 milhões. A estratégia está a ser desenhada por Paulo Macedo em conjunto com o ainda presidente António Domingues.

O corte no rendimento dos depósitos, de 0,6 por cento para 0,2 por cento, e o aumento dos juros a quem precisar de crédito deverá render mais de 400 milhões de euros até 2020.

Só o corte da remuneração das poupanças dos clientes deverá gerar uma folga de 275 milhões de euros nos próximos quatro anos.

Segundo o Negócios, “entre os juros pagos pelos depósitos e a remuneração das emissões de dívida, o plano da Caixa estima que a margem financeira possa crescer 370 milhões com a redução de custos de financiamento”.

Os restantes 30 milhões previstos deverão ser assegurados pelo aumento dos juros cobrados pelo banco público nas operações de crédito. “Seja em resultado do aumento do financiamento concedido ou na subida dos spreads praticados”.
Receitas de seguros
A Caixa pretende quase duplicar as comissões que recebe pela venda de seguros para cerca de 80 milhões.

“Do lado das receitas, o maior contributo do novo negócio para a rentabilização da Caixa Geral de Depósitos virá do aumento das comissões, estimado em 150 milhões de euros ao fim dos próximos quatro anos”, avança o mesmo jornal.

O plano prevê que a subida da receita resulte, sobretudo, da venda de aumento da venda de produtos de seguros aos balcões da Caixa.

“Quanto mais seguros a rede da Caixa Geral de Depósitos vender aos seus clientes, mais comissões a Fidelidade, companhia que tem um contrato de exclusividade com o banco terá de pagar”, escreve o Negócios.

Além disso, o plano de negócios da CGD deverá também incluir um aumento do preçário praticado pela instituição. Ao longo dos próximos quatro anos o banco publico poderá aumentar o custo de diversos serviços prestados aos clientes.

“A Caixa pretende vender mais produtos e serviços financeiros geradores de comissões, independentemente de serem ou não da área bancária”.
Dois mil milhões para limpar crédito
Para limpar a carteira de crédito problemático a CGD vai registar imparidades de cerca de dois mil milhões de euros de provisões, que deverão aumentar para mais de 80 por cento o nível de cobertura destes financiamentos.

“Mas haverá um acréscimo de imparidades superior a 1.000 milhões para fazer face à desvalorização de outros ativos: imóveis recebidos devido ao incumprimento dos créditos, posições em fundos imobiliários, participações financeiras em empresas, exposição a fundos de restruturação, fundo de pensões e garantias concedidas a clientes”, acrescenta o Negócios.
Presença internacional reduzida
A presença da Caixa Geral de Depósitos fora de Portugal é outro assunto que consta no plano de negócios. A alienação das operações em Espanha, África do Sul e Brasil está na calha. O plano prevê que as operações de internacionalização do banco público contribuam com 120 milhões de euros para os lucros de 2020.

Está ainda previsto o encerramento de algumas sucursais, “como deverá acontecer com os escritórios de Londres e Nova Iorque.

“O objetivo é concentrar a presença internacional da CGD nos países africanos de língua oficial portuguesa – Moçambique, Angola e Cabo Verde – e em Macau”.

O banco público tem ainda sucursais em França, Luxemburgo e Timor.
Saída de 2.200 trabalhadores
Até 2020 está prevista a saída de 2.200 trabalhadores da Caixa Geral de Depósitos, o que deverá representar uma poupança de 75 milhões de euros. Também o encerramento de alguns balcões e a renegociação de contratos de fornecedores devem permitir cortar mais 75 milhões.

A redução destes custos operacionais deve ascender aos 150 milhões até 2020.

O plano prevê o encerramento de 180 agências em quatro anos. No entanto, este ainda é um dos aspetos que poderá sofrer ajustamentos.

“Os encargos com os fornecedores deverão baixar 75 milhões nos próximos quatro anos, graças aos cortes previstos nos serviços contratados a consultores, nas comunicações, na publicidade e patrocínios e no aluguer de imóveis”, revela o jornal.

Segundo o Negócios, “os restantes 75 milhões de poupanças previstos nos custos operacionais até 2020 virão do corte de despesas com o pessoal, possível graças à saída de cerca de 2.200 trabalhadores”.

A redução de pessoal será assegurada na sua maioria através de pré-reformas, estando previsto que 550 trabalhadores deixem os quadros do banco público até 2020.
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