Costa insiste no regresso da TAP à esfera do Estado

por Carlos Santos Neves - RTP
“A execução do programa do Governo não está sujeita à vontade de particulares” Laurent Dubrule - EPA

Frustrados os primeiros contactos com o consórcio de David Neeleman e Humberto Pedrosa, o primeiro-ministro voltou esta sexta-feira a defender o retorno ao domínio público da maioria do capital da TAP. Porque “a execução do programa do Governo não está sujeita à vontade de particulares”, argumentou António Costa a partir de Bruxelas.

A mensagem do governante socialista foi deixada em conferência de imprensa, à margem do último Conselho Europeu de 2015.“Se não for com o acordo, é sem o acordo”, vincou António Costa.

António Costa afirmou esperar que seja possível alcançar um entendimento com o consórcio que adquiriu a transportadora aérea de bandeira. Ao mesmo tempo, porém, quis deixar claro que o Programa do Governo é para cumprir.

“A execução do programa do Governo não está sujeita à vontade de particulares”, sublinhou o primeiro-ministro, para acrescentar que o dossier da alienação da TAP foi assinado tendo como pano de fundo “situações no mínimo precárias”.
“A contento”
Os rostos do consórcio Atlantic Gateway, notou Costa, assinaram “com um Governo que tinha sido demitido na véspera”.

O primeiro-ministro disse-se, ainda assim, convencido de que o desfecho das negociações será o recuo da Gateway para uma posição minoritária na estrutura da TAP, com o Estado a reaver “51 por cento do capital”.

“Estou certo de que será feito por acordo e que, independente de declarações negociais que sejam feitas, o resultado final será a contento de todas as partes”, declarou.
“Não se adapta”
À saída da primeira reunião oficial com o Governo sobre a TAP, Humberto Pedrosa, acionista maioritário do consórcio, tratou de apontar a dimensão das divergências entre as partes, ao concluir que o plano que partilha com o norte-americano e brasileiro David Neeleman “não se adapta” a uma posição minoritária no capital da companhia.

“Isto foi uma primeira conversa, com certeza que o Governo não quer fechar a porta e nós não queremos fechar a porta”, rematou o empresário português.

O acordo que selou a venda direta de 61 por cento do capital da TAP foi assinado a 12 de novembro entre a Parpública, holding que gere as participações do Estado, e a Atlantic Gateway.

Estiveram presentes Isabel Castelo Branco, então secretária de Estado do Tesouro, e Miguel Pinto Luz, à data secretário de Estado das Infraestruturas, Transportes e Comunicações.

c/ Lusa
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